São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Geddel culpa empresas por atrasos em obras do programa

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) culpou ontem os empresários por atrasos nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em palestra para executivos da área de infra-estrutura, durante seminário organizado pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), ele disse que, além dos exageros do Ministério Público e do TCU (Tribunal de Contas da União), o setor privado atrapalha "ao brigar na Justiça contra os editais de licitação".
"É uma perda de tempo [os questionamentos jurídicos]. As empresas ajudariam se evitassem isso porque temos a convicção absoluta de que estamos certos", disse. Na saída, foi ainda mais enfático e ameaçou endurecer com as empresas.
"Fazemos os editais [de licitação das obras] discutindo com o TCU e ninguém aceita. Quem fica em segundo lugar vai para a Justiça. Eles não querem o dinheiro circulando? Serei mais rigoroso com os que atrapalham o desenvolvimento do país", disse.
Questionado sobre o que poderia fazer contra os empresários que recorrem à Justiça contra o resultado das disputas públicas, o ministro disse: "Vamos bater nesses caras que reclamam na Justiça para depois se acertarem entre eles. Vamos criar um clima de má vontade com eles no ministério. O Brasil tem pressa".
Horas antes, no mesmo evento, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) também havia destacado o problema dos recursos judiciais como um dos motivos de atraso nas obras. Presente ao debate ao lado de Geddel Vieira Lima, o ministro Márcio Fortes (Cidades) reconheceu o problema, mas admitiu que o questionamento é um direito das empresas.
"Temos problemas com legislação ambiental, regularização fundiária e na fase de licitação. São percalços que existem, mas também um direito dos empresários", afirmou, ressaltando que na área de saneamento esse problema é menor porque os projetos ainda não iniciaram as concorrências públicas.
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), Paulo Safady Simão, criticou a atitude do ministro Geddel durante o debate. "É um grande equívoco [culpar os empresários pelo atraso no PAC]. É um direito das empresas questionar e ninguém vai para a Justiça por brincadeira". Segundo ele, o governo está aproveitando o momento para tentar aprovar um projeto de mudança na lei que rege as licitações. "O processo licitatório no Brasil vem errado há tempos. O governo quer mudar, mas está fazendo da forma errada. A proposta [encaminhada ao Congresso] é ruim."


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