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Geddel culpa empresas por atrasos em obras do programa
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) culpou ontem os empresários por
atrasos nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em palestra para executivos da área de infra-estrutura, durante seminário organizado pela Abdib (Associação
Brasileira da Infra-Estrutura e
Indústrias de Base), ele disse
que, além dos exageros do Ministério Público e do TCU (Tribunal de Contas da União), o
setor privado atrapalha "ao brigar na Justiça contra os editais
de licitação".
"É uma perda de tempo [os
questionamentos jurídicos]. As
empresas ajudariam se evitassem isso porque temos a convicção absoluta de que estamos
certos", disse. Na saída, foi ainda mais enfático e ameaçou endurecer com as empresas.
"Fazemos os editais [de licitação das obras] discutindo
com o TCU e ninguém aceita.
Quem fica em segundo lugar
vai para a Justiça. Eles não querem o dinheiro circulando? Serei mais rigoroso com os que
atrapalham o desenvolvimento
do país", disse.
Questionado sobre o que poderia fazer contra os empresários que recorrem à Justiça
contra o resultado das disputas
públicas, o ministro disse: "Vamos bater nesses caras que reclamam na Justiça para depois
se acertarem entre eles. Vamos
criar um clima de má vontade
com eles no ministério. O Brasil tem pressa".
Horas antes, no mesmo
evento, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) também havia
destacado o problema dos recursos judiciais como um dos
motivos de atraso nas obras.
Presente ao debate ao lado de
Geddel Vieira Lima, o ministro
Márcio Fortes (Cidades) reconheceu o problema, mas admitiu que o questionamento é um
direito das empresas.
"Temos problemas com legislação ambiental, regularização fundiária e na fase de licitação. São percalços que existem,
mas também um direito dos
empresários", afirmou, ressaltando que na área de saneamento esse problema é menor
porque os projetos ainda não
iniciaram as concorrências públicas.
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da
Construção Civil), Paulo Safady Simão, criticou a atitude
do ministro Geddel durante o
debate. "É um grande equívoco
[culpar os empresários pelo
atraso no PAC]. É um direito
das empresas questionar e ninguém vai para a Justiça por
brincadeira". Segundo ele, o governo está aproveitando o momento para tentar aprovar um
projeto de mudança na lei que
rege as licitações. "O processo
licitatório no Brasil vem errado
há tempos. O governo quer mudar, mas está fazendo da forma
errada. A proposta [encaminhada ao Congresso] é ruim."
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