São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Especialistas apontam queda de braço entre estrangeiras e União

DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A tese das empresas petrolíferas, combatida pelo governo, também não é unanimidade entre especialistas do mercado. Dois ex-funcionários da Petrobras com mais de 30 anos de empresa, o geólogo Renato Bertani e o engenheiro Armando Guedes Coelho, discordam parcialmente dela.
"O risco exploratório mostrado até aqui é anormalmente baixo e não deve mudar em áreas mais afastadas", afirma Bertani. "Ainda há um risco de produção, mas nada muito diferente do que a indústria já está acostumada no mundo inteiro", acrescenta.
Para Guedes, os insucessos no pré-sal no passado não devem servir de parâmetro. "A tecnologia e as técnicas de perfuração mudaram", diz. "Toda discussão é, na verdade, uma queda de braço, em que cada um quer tornar a sua parte mais vantajosa."
A polêmica está sendo usada para combater a mudança do modelo atual de concessões -em que a empresa vencedora do leilão fica com o óleo produzido- para o de partilha -em que o petróleo é dividido entre a União e as companhias.
O governo não esconde que decidiu modificar a Lei do Petróleo por uma questão "estratégica e nacionalista", justificando que todos os países que fizeram descobertas relevantes no setor fizeram o mesmo para garantir maior controle sobre essas riquezas.
A principal crítica das petrolíferas estrangeiras está na decisão do governo de fortalecer o papel da Petrobras no pré-sal. Para elas, o presidente Lula está recriando o monopólio do petróleo no país, o que pode desestimular os investimentos estrangeiros no setor.
De acordo com a versão mais recente da proposta, a Petrobras será a operadora única do pré-sal, terá garantida uma participação mínima de 30% nos consórcios e ainda poderá ser contratada diretamente pela União, sem necessidade de licitação. (SL e VC)


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