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ELEI€ÃO
Oposição e governo discordam sobre Mercosul
Economia domina
política argentina
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
Faltam 14 meses para as eleições
na Argentina, mas os políticos locais não mostram cerimônia. Em
meio à crise financeira internacional, a campanha eleitoral já começou, e a economia é o centro do
debate.
Os governistas do Partido Justicialista brigam entre si. A Aliança
(bloco de oposição) lançou prévia
de programa de governo, despertando críticas dos economistas
oficiais.
"A campanha começou muito
cedo. Não houve interrupção depois das eleições legislativas do
ano passado", afirmou Pablo Guidotti, vice-ministro da Economia.
"Iniciou muito cedo, mas é inédito a oposição apresentar suas
propostas com essa antecipação.
Isso por um lado é bom, mas por
outro acelera a campanha", disse
o economista José Luiz Machinea,
ministeriável da oposição.
O eixo do programa da Aliança é
estimular exportações com financiamento para pequenas empresas, benefícios fiscais e criação de
órgãos promotores.
A Aliança, formada pela União
Cívica Radical e a Frente País Solidário, define em novembro quem
será seu candidato a presidente. O
partido Justicialista, do presidente
Carlos Menem, escolhe em abril.
Diferenças à parte, ninguém na
Argentina questiona a abertura
econômica, as privatizações e a
convertibilidade, que em 1991
atrelou o valor do peso ao dólar e
tirou o país da inflação.
O pré-candidato Eduardo Duhalde (governador de Buenos Aires), adversário de Menem no peronismo, afirma, sem entrar em
detalhes, que o modelo econômico atual está "esgotado" e "morto", prega políticas sociais, mas
não questiona os pilares da economia argentina.
"Aqui não há um conflito ideológico como no Brasil. Ninguém
vai revisar as privatizações. Necessitamos complementar a estabilidade econômica com políticas que
evitem a exclusão social", disse o
secretário federal de Indústria e
Comércio, Alieto Guadagni.
No que se refere ao Mercosul,
governo e oposição discordam sobre os métodos para fazer o acordo avançar e voltar ao ritmo dos
progressos conquistados no início
da década.
A Aliança propõe a criação de
organismos supranacionais para
resolver os conflitos do bloco econômico, idéia que não agrada aos
governos do Brasil e da Argentina.
"A União Européia tem tribunais para resolver conflitos. Nosso
mecanismo diplomático de solução de controvérsias não funciona", afirmou Machinea, que foi
presidente do banco central do governo Raúl Alfonsín (1984-89).
Para ele, são necessários mecanismos para avaliar se os países estão ou não cumprindo os acordos.
"Isso não chega ao centro da
questão. Não basta criar burocracias inúteis para resolver os problemas", disse o vice-ministro da
Economia, Pablo Guidotti.
Segundo o secretário de Indústria e Comércio, o progresso inicial foi fácil e a fase atual, de harmonização das políticas entre os
países, é o "osso duro". "Estamos na parte mais complicada",
concordou Machinea.
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