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MERCADO TENSO
Superioridade no volume de negócios, com média diária de US$ 520,7 milhões, explica maior volatilidade
Bolsa de São Paulo é a mais arriscada da AL
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A Bolsa de Valores de São Paulo
é hoje a mais volátil da América
Latina, segundo cálculos feito pela
Economática. É nela que são
maiores os riscos de comprar ou
vender na hora errada e perder dinheiro. É nela também que estão
as maiores possibilidades de ganho no curto prazo.
O volume movimentado na Bolsa brasileira, de US$ 520,72 milhões na média do mercado à vista
deste ano, até o dia 18, é o maior
entre as Bolsas da América Latina,
diz Fernando Exel, da Economática. Isso explica, em parte, suas oscilações bruscas.
"Se os investidores internacionais perdem dinheiro em Hong
Kong ou na Rússia, vendem as
ações no Brasil para pagar suas dívidas", diz Flávio Conde, do
Lloyds Asset Management.
Nas outras Bolsas, em momentos de crise os investidores não
conseguem, muitas vezes, encontrar compradores para seus papéis, por causa justamente dos
baixos volumes negociados.
A Bolsa do México, a segunda
maior em volume, negociou US$
164,11 milhões na média diária
deste ano, e a Argentina, a terceira, negociou US$ 31,82 milhões. A
do Chile movimentou US$ 20,78
milhões, e a do Peru, US$ 12,89
milhões, diz a Economática.
O fato de uma só ação, como é o
caso da Telebrás PN (sem direito a
voto), concentrar grande parte do
mercado contribuiu ainda mais
para a volatilidade, diz Exel.
A Telebrás representa 42,2% do
índice Bovespa, composto pelas
ações mais negociadas em São
Paulo. No índice S&P 500, de Nova
York, o peso da principal ação é de
apenas 3,3%.
"Com tanta concentração, se
Telebrás cai muito, sozinha é capaz de derrubar o mercado", diz
Exel. Quando as 12 empresas resultantes da cisão da Telebrás vierem a mercado, a concentração
vai se reduzir, avalia Conde.
"Mas, com a moratória da Rússia e a crise na América Latina, as
Bolsas devem continuar uma
montanha russa este ano", avalia.
A volatilidade nas Bolsas vinha
caindo. No Brasil, o indicador de
volatilidade da Economática passou de 0,84, em 90, para 0,23, em
96. Em Nova York, caiu de 0,16 para 0,12 no período.
Foi no ano passado, com a crise
asiática, que a tendência se reverteu. "A volatilidade maior dos
mercados financeiros é só um reflexo das incertezas crescentes da
economia mundial", diz Ricardo
Junqueira, diretor de tesouraria
do banco Brascan.
A recessão no Japão, a locomotiva da Ásia, levou junto os chamados países emergentes da região,
como Indonésia, Coréia, Tailândia, Hong Kong. Colocou sob
ameaça a China.
Inúmeras empresas dos EUA
com atividades na Ásia foram
atingidas. A Bolsa de Nova York
começou a cair. "Os ganhos de
produtividade no mundo todo obtidos com as novas tecnologias
mostram que é possível produzir
mais a preços menores. Estamos
em uma deflação mundial a os ativos em Bolsa não mostravam isso
até então", diz ele.
O preço mais baixo dos commodities, inclusive o petróleo, acabou
afetando outros grandes exportadores do bloco dos emergentes,
como a Rússia, Venezuela e México. A Rússia, na segunda-feira
passada, pediu moratória. O risco
de investir nos emergentes foi às
alturas, assim como a volatilidade
nas Bolsas do mundo todo.
"Quando os mercados estão
em queda, estatisticamente a volatilidade tende a aumentar", diz
Larry Martins, diretor de tesouraria do banco Prosper.
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