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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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Ações judiciais ameaçam bens do país no exterior

DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI

Nos próximos meses, ações judiciais em torno do valor total e do tamanho do deságio proposto pela Argentina deverão emperrar as negociações do país com seus credores.
Essas ações ameaçam levar ao arresto bens argentinos no exterior, como já ocorreu em moratórias feitas pelo Peru, pelo Panamá e por países africanos.
Os credores argentinos alegam ter direito a receber US$ 104 bilhões, e não os US$ 94 bilhões anunciados ontem pelo governo da Argentina em Dubai.
Além de cobrar a dívida integral do país, alguns credores devem contestar também o fato de a Argentina querer diminuir pela metade o número de jurisdições nas quais a dívida poderá ser negociada no futuro -e reclamada judicialmente.
Itália, Alemanha, Suíça e Espanha ficariam de fora, e os novos contratos ficariam concentrados apenas em Buenos Aires, Nova York, Londres e Japão.
"O anúncio não é realista e não deve sequer ser discutido", disse Stefan Engelsberger, presidente da First German Society of Bondholders, grupo de credores alemães.
Nicola Stock, presidente da Task Force Argentina, que representa 370 mil credores italianos, considerou "inaceitável" a exclusão, pela proposta, de US$ 12 bilhões em juros acumulados.
Muitos credores agora devem seguir os passos do milionário Kenneth Dart, que já ganhou decisão favorável da Justiça de Nova York para receber um empréstimo de US$ 700 milhões.
A proposta de pagamento da dívida foi apoiada pelos bancos argentinos. A ABA (Associação de Bancos da Argentina) e a Adeba (Associação de Bancos Privados de Capital Nacional) divulgaram ontem comunicados apoiando a oferta do ministro da Economia, Roberto Lavagna.
De acordo com as instituições, "a proposta é baseada em conceitos que transmitem credibilidade por respeitar as condições econômicas e sociais reais da Argentina". "Por isso, o acordo tem como característica a seriedade e a previsibilidade que devem servir de base para um crescimento sustentável", diz o comunicado.


Colaborou Elaine Cotta, de Buenos Aires


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