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CÚPULA DE DUBAI
Países ricos fazem defesa de moeda livre; iene sobe e Bolsa de Tóquio tem maior queda desde o 11 de Setembro
Declaração do G7 sobre câmbio abala mercado
DA REDAÇÃO
Uma declaração dos ministros
das Finanças do G7, os sete países
mais ricos do planeta, sacudiu os
mercados financeiros de todo o
globo. O maior impacto foi sentido em Tóquio, cuja Bolsa caiu
4,24%, o maior tombo desde o 11
de Setembro, há dois anos.
Em um comunicado conjunto,
divulgado depois de um encontro
em Dubai, nos Emirados Árabes
Unidos, os ministros do G7 defenderam que as principais economias mundiais deveriam adotar câmbios livres. A declaração
foi recebida pelos mercados como
um sinal de que o Japão poderá
reduzir suas intervenções, permitindo assim que o iene se valorize.
"Enfatizamos que uma maior
flexibilidade no câmbio é desejável para as principais economias e
regiões econômicas, para promover ajustes brandos e amplos no
sistema financeiro internacional,
baseados em mecanismos de
mercado", diz a declaração.
O iene, que já vinha em recuperação, subiu para a sua maior cotação ante o dólar em quase três
anos. Na Bolsa de Tóquio, que na
semana passada foi ao seu melhor
patamar em 15 meses, as ações de
empresas exportadoras foram as
que mais perderam.
O Japão, que pertence ao G7, faz
maciças intervenções no mercado
cambial, vendendo iene e comprando dólares, para manter o iene depreciado. O objetivo é favorecer as exportações, ao tornar os
produtos japoneses mais "baratos" no comércio mundial.
A inclusão da defesa ao livre
câmbio no comunicado do G7 foi
uma vitória política para o secretário do Tesouro americano, John
Snow, que busca agradar aos empresários do país, de olho nas eleições do ano que vem, na qual o
presidente George W. Bush tentará um novo mandato.
Industriais americanos se queixam de que países asiáticos, especialmente China e Japão, mantêm
suas moedas artificialmente depreciadas. Além de atingir as exportações dos EUA, isso faz com
que ocorra uma enxurrada de
produtos asiáticos no país, que
concorreriam de maneira injusta
com mercadorias "made in USA".
O dólar chegou a ser cotado a
111,37 ienes, o menor nível desde
dezembro de 2000. Segundo analistas, o Banco do Japão fez novas
intervenções, e a cotação do dólar
subiu para cerca de 112,50 ienes.
Os efeitos da declaração não se
restringiram ao mercado japonês.
Praticamente todas as Bolsas fecharam em baixa (veja quadro).
A retração do dólar desvaloriza
as ações americanas, enquanto a
alta do euro reduz as perspectivas
de crescimento na Europa. Em
ambos os casos, o investimento
em ações fica menos atraente.
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