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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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CÚPULA DE DUBAI

Países ricos fazem defesa de moeda livre; iene sobe e Bolsa de Tóquio tem maior queda desde o 11 de Setembro

Declaração do G7 sobre câmbio abala mercado

DA REDAÇÃO

Uma declaração dos ministros das Finanças do G7, os sete países mais ricos do planeta, sacudiu os mercados financeiros de todo o globo. O maior impacto foi sentido em Tóquio, cuja Bolsa caiu 4,24%, o maior tombo desde o 11 de Setembro, há dois anos.
Em um comunicado conjunto, divulgado depois de um encontro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, os ministros do G7 defenderam que as principais economias mundiais deveriam adotar câmbios livres. A declaração foi recebida pelos mercados como um sinal de que o Japão poderá reduzir suas intervenções, permitindo assim que o iene se valorize.
"Enfatizamos que uma maior flexibilidade no câmbio é desejável para as principais economias e regiões econômicas, para promover ajustes brandos e amplos no sistema financeiro internacional, baseados em mecanismos de mercado", diz a declaração.
O iene, que já vinha em recuperação, subiu para a sua maior cotação ante o dólar em quase três anos. Na Bolsa de Tóquio, que na semana passada foi ao seu melhor patamar em 15 meses, as ações de empresas exportadoras foram as que mais perderam.
O Japão, que pertence ao G7, faz maciças intervenções no mercado cambial, vendendo iene e comprando dólares, para manter o iene depreciado. O objetivo é favorecer as exportações, ao tornar os produtos japoneses mais "baratos" no comércio mundial.
A inclusão da defesa ao livre câmbio no comunicado do G7 foi uma vitória política para o secretário do Tesouro americano, John Snow, que busca agradar aos empresários do país, de olho nas eleições do ano que vem, na qual o presidente George W. Bush tentará um novo mandato.
Industriais americanos se queixam de que países asiáticos, especialmente China e Japão, mantêm suas moedas artificialmente depreciadas. Além de atingir as exportações dos EUA, isso faz com que ocorra uma enxurrada de produtos asiáticos no país, que concorreriam de maneira injusta com mercadorias "made in USA".
O dólar chegou a ser cotado a 111,37 ienes, o menor nível desde dezembro de 2000. Segundo analistas, o Banco do Japão fez novas intervenções, e a cotação do dólar subiu para cerca de 112,50 ienes.
Os efeitos da declaração não se restringiram ao mercado japonês. Praticamente todas as Bolsas fecharam em baixa (veja quadro).
A retração do dólar desvaloriza as ações americanas, enquanto a alta do euro reduz as perspectivas de crescimento na Europa. Em ambos os casos, o investimento em ações fica menos atraente.


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