São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Dispara procura para zerar emissão de gases

Quase cem projetos de neutralização de carbono foram efetivados neste ano no país, ante cerca de 30 entre 2005 e 2006

Marketing e consciência ambiental explicam alta; pequena e grande empresa contabilizam suas emissões de gases de efeito estufa

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Tornar-se uma empresa de "carbono neutro", ou que consegue zerar as emissões de gases que provocam o efeito estufa geradas com suas atividades, está na moda. A explosão na procura comprova: quase cem projetos de neutralização de carbono foram efetivados neste ano no país, ante cerca de 30 entre 2005 e 2006.
Movidas por consciência ambiental, marketing ou ambos, as empresas passaram neste ano a procurar consultorias que conferem esse tipo de certificação com mais freqüência.
Pequenas empresas procuram o serviço, mas as grandes também. Bradesco, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e até a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) estão contando suas emissões de GEEs (gases de efeito estufa) para neutralizá-las.
"Vamos lançar um fundo de investimentos em projetos de créditos de carbono, temos que dar o exemplo", afirma Eduardo Bandeira de Mello, chefe do departamento de meio ambiente do BNDES. O banco vai recuperar florestas, plantando árvores que cubram as suas emissões de carbono.
Para Marco Antonio Fujihara, diretor da Totum, que faz consultoria ambiental, a neutralização de carbono é mais fácil, dá visibilidade rápida e, por isso, é preferida pelos "marqueteiros". "Esse tipo de iniciativa está crescendo aqui como reflexo da Europa, onde esse mercado voluntário está crescendo assustadoramente."
Por aqui, as consultorias especializadas no tema dizem que quase não havia procura pela neutralização até o ano passado. É o caso da multinacional DNV, que, até 2006, não havia tido demanda para esse tipo de serviço, segundo Otavio da Costa, gerente de mudanças climáticas.
Os projetos não consistem só em plantar árvores, diz Eduardo Petit, diretor de marketing e vendas da MaxAmbiental. "Há, por exemplo, captura de metano na atividade agropecuária."
Para Julio Tocalino Neto, diretor-executivo da BCB (Brazilian Carbon Bureau), é um misto de tendência com ferramenta que pode ser usada no marketing da empresa. "Quem sair na frente vai ter ganhos de imagem. Uma atitude assim força a concorrência a vir atrás."
Boa medida desse efeito exposição é dada no relato de Adauto Basilio, diretor de captação de recursos do projeto Florestas do Futuro do SOS Mata Atlântica: "Promovemos um show de O Rappa no ano passado e resolvemos neutralizar o carbono do evento. Isso gerou tanta repercussão que as empresas passaram a ver nessa iniciativa uma maneira de atrair a mídia".
E não é tão difícil, segundo Petit, neutralizar as emissões de GEEs. Só entram na conta as emissões efetivamente geradas pela atividade da empresa -uso de carros, por exemplo.
Não há uma tabela de preços para esse tipo de projeto. Mas o plantio de uma árvore, acompanhada pelo projeto Florestas do Futuro, do SOS Mata Atlântica, custa R$ 10.

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