São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC acumula perda de R$ 12 bi desde maio

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde que voltou a fazer operações no mercado de derivativos, em maio passado, o Banco Central já perdeu R$ 12,25 bilhões.
O prejuízo decorre da disparada do dólar, que, desde então, já subiu mais de 60%. Só nos primeiros 11 dias deste mês, o prejuízo foi de R$ 1,37 bilhão.
Mercado de derivativos é o nome genérico dado às negociações de contratos cujos rendimentos dependem da variação de outras cotações. No caso do BC, as operações envolvem contratos de "swap" cambial.
Embora com nome complicado, o "swap" representa algo relativamente simples: por um lado, o BC se compromete a pagar ao investidor toda a variação do câmbio ocorrida em determinado período. Em troca, o investidor paga ao BC os juros acumulados neste mesmo período.
O prejuízo que essas operações deram ao BC até agora são 70% maiores do que os R$ 7,2 bilhões previstos no Orçamento do ano que vem para os investimentos da União. O valor também chega perto da arrecadação da Receita com a cobrança da CPMF, que, entre janeiro e setembro, ficou em R$ 14,5 bilhões.
O objetivo do BC ao vender esses contratos é tentar conter a alta do dólar. A idéia é estimular os investidores a comprar esse tipo de contrato em vez de aplicar seu dinheiro no dólar. Em tese, isso reduziria a procura pela moeda norte-americana, ajudando a controlar sua cotação.
Desde 1999 o governo não atuava no mercado de derivativos. Em janeiro daquele ano, o BC teve um prejuízo de aproximadamente R$ 7 bilhões com a maxidesvalorização, em operações feitas na Bolsa de Mercadorias & Futuros por meio do Banco do Brasil.
Depois desse prejuízo, o FMI incluiu no acordo fechado com o Brasil uma cláusula que restringe a atuação do BC nesse tipo de mercado. Em maio desse ano, foi aberta uma exceção para as operações de "swap".


Texto Anterior: Transe: Mercado força dólar e lucra com dívida
Próximo Texto: Opinião econômica: Pronto para crescer; pronto para quebrar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.