São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RANKING

Desde 99, país é o único do mundo que sempre esteve entre os 4 líderes

Brasil mantém liderança dos juros

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa real de juros brasileira- descontada a inflação- deverá subir e passar de 10% ao ano no último trimestre de 2002, mantendo o Brasil na liderança do ranking mundial de taxas de juros, de acordo com projeções da consultoria Global Invest.
Segundo pesquisa realizada pela Global, que inclui 40 países, sendo 23 emergentes e 17 desenvolvidos, o juro real anual do Brasil caiu de 10,1% em agosto para 9,7% em setembro, mas deverá retomar a trajetória de alta em outubro devido ao aumento da taxa básica da economia (Selic), que na semana passada passou de 18% para 21% ao ano.
"Apesar do cenário de inflação mais alta, o juro real anual deverá fechar em 10% em outubro, 10,3% em novembro e 10,7% em dezembro", prevê Fernando Pinto Ferreira, diretor da consultoria. "Mesmo sem conhecer a política monetária do próximo governo, é pouco provável que o Brasil deixe de liderar o ranking dos juros nos próximos seis meses", complementa.
Desde que a pesquisa da Global começou a ser realizada em março de 1999, o Brasil é o único país que sempre esteve entre os quatro primeiros do ranking de taxa real. A Polônia, que é o segundo colocado nesse quesito, apareceu entre os quatro primeiros 28 vezes.
"O Brasil é um caso singular. Em setembro, foi a 20ª ocasião em que o país ocupou a liderança desse ranking. Mesmo que a inflação suba, ainda temos muito juro para queimar perto dos outros países", diz Ferreira.

Metodologia
O cálculo do juro real se baseia na taxa de juro nominal estabelecida pelo Banco Central, acumulada nos últimos 12 meses, e desconta a inflação do período.
Para chegar ao valor de setembro, o cálculo levou em consideração uma taxa de juro nominal acumulada nos últimos 12 meses de 18,42% e uma inflação (medida pelo IPCA-IBGE) de 7,93%.
Para outubro, a projeção é de 18,5% e 7,8%, respectivamente; para novembro, 18,9% e 7,8%; e para dezembro, 19,2% e 7,7%.

Argentina
No mês passado, a Polônia manteve a segunda posição no ranking mundial de juro real, mas se distanciou do Brasil. Seu juro real anual caiu de 8,9% em agosto para 8,4% em setembro. Depois de atingir o ápice de 25,9% em julho de 2001, a taxa na Polônia vem caindo agressivamente.
A terceira posição, em setembro, ficou com a Turquia, com um juro real de 6,1% ao ano, invertendo a trajetória de baixa dos últimos dois meses. Em agosto, o juro real nesse país havia sido de 4%.
A Argentina ostenta o maior juro nominal, 47% ao ano, mas a taxa real, devido à inflação, continua negativa e diminuindo. De agosto para setembro, o juro real argentino caiu de -5,2% para -5,4%, enquanto a inflação subiu de 36,53% para 38,27%.
Também por causa da inflação (32,89%), a Venezuela assumiu no mês passado a primeira posição entre os países com menores juros reais do mundo, com taxa negativa de 7,9%
Na média, a taxa real anual dos 40 países pesquisados caiu de 1,6% em agosto para 1,3% em setembro. Entre os países desenvolvidos, a queda foi de 0,9% para 0,8% ao ano, e, entre os emergentes, de 2% para 1,7% ao ano.

Copom
Hoje, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) define se a taxa básica de juro continua ou não em 21% ao ano. As projeções de taxa real da Global para o último trimestre não incluem uma eventual alteração. "Nossa opinião é que o BC optará pela manutenção da taxa atual, com viés neutro", diz Ferreira.
Como ele, a maioria dos profissionais do mercado financeiro não acredita que o BC anuncie hoje alteração na Selic, uma vez que o cenário pouco se modificou nos últimos dias. Para os próximos meses, no entanto, há analistas prevendo aumento da Selic caso o IPCA continue em alta.


Texto Anterior: Energia: Calor amplia consumo de luz, mas ONS descarta "apagão"
Próximo Texto: Investimentos: Petrobras anuncia captação de R$ 775 mi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.