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RANKING
Desde 99, país é o único do mundo que sempre esteve entre os 4 líderes
Brasil mantém liderança dos juros
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa real de juros brasileira-
descontada a inflação- deverá
subir e passar de 10% ao ano no
último trimestre de 2002, mantendo o Brasil na liderança do
ranking mundial de taxas de juros, de acordo com projeções da
consultoria Global Invest.
Segundo pesquisa realizada pela Global, que inclui 40 países,
sendo 23 emergentes e 17 desenvolvidos, o juro real anual do
Brasil caiu de 10,1% em agosto
para 9,7% em setembro, mas deverá retomar a trajetória de alta
em outubro devido ao aumento
da taxa básica da economia (Selic), que na semana passada passou de 18% para 21% ao ano.
"Apesar do cenário de inflação
mais alta, o juro real anual deverá
fechar em 10% em outubro,
10,3% em novembro e 10,7% em
dezembro", prevê Fernando Pinto Ferreira, diretor da consultoria. "Mesmo sem conhecer a política monetária do próximo governo, é pouco provável que o
Brasil deixe de liderar o ranking
dos juros nos próximos seis meses", complementa.
Desde que a pesquisa da Global
começou a ser realizada em março de 1999, o Brasil é o único país
que sempre esteve entre os quatro primeiros do ranking de taxa
real. A Polônia, que é o segundo
colocado nesse quesito, apareceu
entre os quatro primeiros 28 vezes.
"O Brasil é um caso singular.
Em setembro, foi a 20ª ocasião
em que o país ocupou a liderança
desse ranking. Mesmo que a inflação suba, ainda temos muito
juro para queimar perto dos outros países", diz Ferreira.
Metodologia
O cálculo do juro real se baseia
na taxa de juro nominal estabelecida pelo Banco Central, acumulada nos últimos 12 meses, e desconta a inflação do período.
Para chegar ao valor de setembro, o cálculo levou em consideração uma taxa de juro nominal
acumulada nos últimos 12 meses
de 18,42% e uma inflação (medida pelo IPCA-IBGE) de 7,93%.
Para outubro, a projeção é de
18,5% e 7,8%, respectivamente;
para novembro, 18,9% e 7,8%; e
para dezembro, 19,2% e 7,7%.
Argentina
No mês passado, a Polônia
manteve a segunda posição no
ranking mundial de juro real, mas
se distanciou do Brasil. Seu juro
real anual caiu de 8,9% em agosto
para 8,4% em setembro. Depois
de atingir o ápice de 25,9% em julho de 2001, a taxa na Polônia vem
caindo agressivamente.
A terceira posição, em setembro, ficou com a Turquia, com um
juro real de 6,1% ao ano, invertendo a trajetória de baixa dos últimos dois meses. Em agosto, o juro
real nesse país havia sido de 4%.
A Argentina ostenta o maior juro nominal, 47% ao ano, mas a taxa real, devido à inflação, continua negativa e diminuindo. De
agosto para setembro, o juro real
argentino caiu de -5,2% para
-5,4%, enquanto a inflação subiu
de 36,53% para 38,27%.
Também por causa da inflação
(32,89%), a Venezuela assumiu
no mês passado a primeira posição entre os países com menores
juros reais do mundo, com taxa
negativa de 7,9%
Na média, a taxa real anual dos
40 países pesquisados caiu de
1,6% em agosto para 1,3% em setembro. Entre os países desenvolvidos, a queda foi de 0,9% para
0,8% ao ano, e, entre os emergentes, de 2% para 1,7% ao ano.
Copom
Hoje, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central)
define se a taxa básica de juro continua ou não em 21% ao ano. As
projeções de taxa real da Global
para o último trimestre não incluem uma eventual alteração.
"Nossa opinião é que o BC optará
pela manutenção da taxa atual,
com viés neutro", diz Ferreira.
Como ele, a maioria dos profissionais do mercado financeiro
não acredita que o BC anuncie
hoje alteração na Selic, uma vez
que o cenário pouco se modificou
nos últimos dias. Para os próximos meses, no entanto, há analistas prevendo aumento da Selic caso o IPCA continue em alta.
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