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CONTA-GOTAS
Banco cita "convergência da inflação para as metas" e diminui Selic para nível já antecipado pelos mercados
BC faz corte "gradual" e reduz juro para 19%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central reduziu os juros básicos da economia em um
ponto percentual. Com a queda, a
taxa Selic passou para 19% ao ano,
seu nível mais baixo desde outubro do ano passado.
Foi o quinto corte consecutivo
nos juros, mas foi também um
dos menores feitos neste ano.
Para justificar a medida, o BC
informou, por meio de uma curta
nota, que a queda dos juros foi
possível por causa da "continuidade da convergência da inflação
para a trajetória das metas".
A decisão anunciada ontem pelo Copom (Comitê de Política
Monetária do BC) já era esperada
pela cúpula do governo e também
por boa parte dos analistas do
mercado financeiro, embora alguns defendessem uma queda de
1,5 ponto percentual.
Desde que iniciou a série de reduções nos juros, o BC tem dito
que a condução da política monetária seria "gradualista". A afirmação foi entendida pelo mercado como um sinal de que eventuais cortes na taxa Selic seriam
feitos aos poucos.
Diante de indicadores que mostravam uma forte desaceleração
da economia, o BC chegou a reduzir os juros em 2,5 pontos de uma
só vez, em agosto.
O corte anunciado foi o menor
desde junho, quando a taxa havia
caído 0,5 ponto. A decisão pode
sinalizar um entendimento, por
parte do BC, de que o desaquecimento da economia já não é tão
preocupante como nos últimos
meses. Dados divulgados recentemente apontam, se não para uma
retomada do crescimento econômico, pelo menos para o fim de
um processo recessivo que se desenhava no primeiro semestre.
O nível de emprego na indústria, por exemplo, se manteve praticamente estável em agosto, depois de seis meses seguidos de
queda, segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
Também em agosto, as vendas
do comércio varejista em São
Paulo registraram crescimento de
1,5%, e as vendas da indústria, de
3,77%. Os números são, respectivamente, da CNI (Confederação
Nacional da Indústria) e da
FCESP (Federação do Comércio
do Estado de São Paulo).
Apesar desses sinais positivos,
porém, ainda não é possível afirmar que a retomada do crescimento é uma tendência consolidada. Para este ano, por exemplo,
o BC estima que a economia vá
crescer apenas 0,6%.
Mesmo assim, o Copom estaria
optando por não promover grandes alterações nos juros, preferindo esperar para ver como a economia está reagindo aos cortes
anunciados nos últimos meses.
Economistas dizem que mudanças nas taxas levam entre seis e
nove meses para serem sentidas
por completo pela economia.
Logo depois do anúncio do Copom, bancos públicos e privados
informaram que vão reduzir suas
taxas de juros.
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