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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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CONTA-GOTAS

Banco cita "convergência da inflação para as metas" e diminui Selic para nível já antecipado pelos mercados

BC faz corte "gradual" e reduz juro para 19%

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu os juros básicos da economia em um ponto percentual. Com a queda, a taxa Selic passou para 19% ao ano, seu nível mais baixo desde outubro do ano passado.
Foi o quinto corte consecutivo nos juros, mas foi também um dos menores feitos neste ano.
Para justificar a medida, o BC informou, por meio de uma curta nota, que a queda dos juros foi possível por causa da "continuidade da convergência da inflação para a trajetória das metas".
A decisão anunciada ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária do BC) já era esperada pela cúpula do governo e também por boa parte dos analistas do mercado financeiro, embora alguns defendessem uma queda de 1,5 ponto percentual.
Desde que iniciou a série de reduções nos juros, o BC tem dito que a condução da política monetária seria "gradualista". A afirmação foi entendida pelo mercado como um sinal de que eventuais cortes na taxa Selic seriam feitos aos poucos.
Diante de indicadores que mostravam uma forte desaceleração da economia, o BC chegou a reduzir os juros em 2,5 pontos de uma só vez, em agosto.
O corte anunciado foi o menor desde junho, quando a taxa havia caído 0,5 ponto. A decisão pode sinalizar um entendimento, por parte do BC, de que o desaquecimento da economia já não é tão preocupante como nos últimos meses. Dados divulgados recentemente apontam, se não para uma retomada do crescimento econômico, pelo menos para o fim de um processo recessivo que se desenhava no primeiro semestre.
O nível de emprego na indústria, por exemplo, se manteve praticamente estável em agosto, depois de seis meses seguidos de queda, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Também em agosto, as vendas do comércio varejista em São Paulo registraram crescimento de 1,5%, e as vendas da indústria, de 3,77%. Os números são, respectivamente, da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Apesar desses sinais positivos, porém, ainda não é possível afirmar que a retomada do crescimento é uma tendência consolidada. Para este ano, por exemplo, o BC estima que a economia vá crescer apenas 0,6%.
Mesmo assim, o Copom estaria optando por não promover grandes alterações nos juros, preferindo esperar para ver como a economia está reagindo aos cortes anunciados nos últimos meses. Economistas dizem que mudanças nas taxas levam entre seis e nove meses para serem sentidas por completo pela economia.
Logo depois do anúncio do Copom, bancos públicos e privados informaram que vão reduzir suas taxas de juros.


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