UOL


São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTA-GOTAS

Parcela do débito corrigida pelo câmbio, que foi de 28,10% em agosto, deve cair para 24,50% em outubro

Corte reduz gasto com dívida em R$ 3,5 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
ELIANE MENDONÇA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A queda dos juros anunciada ontem deve proporcionar uma economia de aproximadamente R$ 3,5 bilhões para o governo. Esse é o valor que deixará de ser gasto com o pagamento de juros da dívida pública nos próximos 12 meses, caso a taxa Selic seja mantida em 19% ao ano no período.
Dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional mostram que, no final do mês passado, havia R$ 707,7 bilhões em títulos da dívida pública em circulação no mercado. Desse total, R$ 351,95 bilhões -ou 49,7%- são corrigidos pela taxa Selic. Por isso, quanto mais elevada a Selic, maiores são os gastos com juros.
Os juros pagos e a emissão líquida de títulos em setembro foram os motivos da alta de 1,7% da dívida pública em setembro em relação a agosto, segundo os números do Tesouro Nacional. Pelos dados, a parcela da dívida com correção cambial, que correspondia a 28,10% do total em agosto, caiu para 26,48% no mês passado e deverá chegar a 24,5% neste mês, segundo projeção do governo.
Entre janeiro e agosto -último dado divulgado oficialmente-, os gastos com juros da dívida do setor público (União, Estados, municípios e estatais) chegaram a R$ 102,4 bilhões. A maior parte do endividamento de Estados e municípios, porém, é corrigida por índices de inflação, conforme previsto nos contratos de renegociação firmados com a União.

Ajuste fiscal
Quando os gastos com juros aumentam, o governo aumenta o ajuste fiscal, elevando impostos ou cortando despesas. Neste ano, o setor público tem como meta economizar cerca de R$ 68 bilhões para o pagamento de juros. Esse valor equivale a 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto, total de riquezas produzida pelo país).
O coordenador-geral da dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse que a emissão líquida de títulos (descontado aqueles emitidos para rolagem da dívida), no valor de R$ 11,4 bilhões em títulos prefixados, foi responsável por uma alta de R$ 2,3 bilhões no endividamento.
Entre agosto e setembro, a participação dos títulos prefixados no total da dívida passou de 7,4% para 9%. Para Valle, o governo está conseguindo aumentar a participação dos papéis prefixados e dos títulos atrelados a índice de preços no estoque da dívida, além de reduzir a participação de títulos cambiais e pós-fixados.
"No ano passado não conseguimos cumprir as metas, mas, neste ano, temos observado uma recuperação rápida devido ao grande decréscimo da taxa cambial", afirmou o coordenador.
Se a dívida com correção cambial ficar, em outubro, em 24,5% do total, como previsto, será a menor proporção desde março de 2001, quando estava em 24,07%.
Segundo o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, a estimativa de dívida com correção cambial para outubro é um valor preliminar aproximado, já que o quadro de outubro já está praticamente definido.

Composição da dívida
Goldenstein destacou que, apesar do crescimento do estoque da dívida, do ponto de vista do governo os resultados obtidos no ano são satisfatórios, pois ocorreu uma mudança significativa na composição da dívida em títulos públicos. Essa mudança, segundo ele, é resultado da restauração da credibilidade no país.


Texto Anterior: Taxa real de 12% permanece a maior do mundo
Próximo Texto: Emissões de títulos superam os vencimentos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.