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CONTA-GOTAS
Parcela do débito corrigida pelo câmbio, que foi de 28,10% em agosto, deve cair para 24,50% em outubro
Corte reduz gasto com dívida em R$ 3,5 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
ELIANE MENDONÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda dos juros anunciada
ontem deve proporcionar uma
economia de aproximadamente
R$ 3,5 bilhões para o governo. Esse é o valor que deixará de ser gasto com o pagamento de juros da
dívida pública nos próximos 12
meses, caso a taxa Selic seja mantida em 19% ao ano no período.
Dados divulgados ontem pelo
Tesouro Nacional mostram que,
no final do mês passado, havia R$
707,7 bilhões em títulos da dívida
pública em circulação no mercado. Desse total, R$ 351,95 bilhões
-ou 49,7%- são corrigidos pela
taxa Selic. Por isso, quanto mais
elevada a Selic, maiores são os
gastos com juros.
Os juros pagos e a emissão líquida de títulos em setembro foram
os motivos da alta de 1,7% da dívida pública em setembro em relação a agosto, segundo os números
do Tesouro Nacional. Pelos dados, a parcela da dívida com correção cambial, que correspondia
a 28,10% do total em agosto, caiu
para 26,48% no mês passado e deverá chegar a 24,5% neste mês, segundo projeção do governo.
Entre janeiro e agosto -último
dado divulgado oficialmente-,
os gastos com juros da dívida do
setor público (União, Estados,
municípios e estatais) chegaram a
R$ 102,4 bilhões. A maior parte do
endividamento de Estados e municípios, porém, é corrigida por
índices de inflação, conforme previsto nos contratos de renegociação firmados com a União.
Ajuste fiscal
Quando os gastos com juros aumentam, o governo aumenta o
ajuste fiscal, elevando impostos
ou cortando despesas. Neste ano,
o setor público tem como meta
economizar cerca de R$ 68 bilhões para o pagamento de juros.
Esse valor equivale a 4,25% do
PIB (Produto Interno Bruto, total
de riquezas produzida pelo país).
O coordenador-geral da dívida
pública do Tesouro Nacional,
Paulo Valle, disse que a emissão
líquida de títulos (descontado
aqueles emitidos para rolagem da
dívida), no valor de R$ 11,4 bilhões em títulos prefixados, foi
responsável por uma alta de R$
2,3 bilhões no endividamento.
Entre agosto e setembro, a participação dos títulos prefixados
no total da dívida passou de 7,4%
para 9%. Para Valle, o governo está conseguindo aumentar a participação dos papéis prefixados e
dos títulos atrelados a índice de
preços no estoque da dívida, além
de reduzir a participação de títulos cambiais e pós-fixados.
"No ano passado não conseguimos cumprir as metas, mas, neste
ano, temos observado uma recuperação rápida devido ao grande
decréscimo da taxa cambial", afirmou o coordenador.
Se a dívida com correção cambial ficar, em outubro, em 24,5%
do total, como previsto, será a menor proporção desde março de
2001, quando estava em 24,07%.
Segundo o chefe do Departamento de Operações do Mercado
Aberto do Banco Central, Sérgio
Goldenstein, a estimativa de dívida com correção cambial para outubro é um valor preliminar aproximado, já que o quadro de outubro já está praticamente definido.
Composição da dívida
Goldenstein destacou que, apesar do crescimento do estoque da
dívida, do ponto de vista do governo os resultados obtidos no
ano são satisfatórios, pois ocorreu
uma mudança significativa na
composição da dívida em títulos
públicos. Essa mudança, segundo
ele, é resultado da restauração da
credibilidade no país.
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