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TRABALHO
Desemprego e perda salarial reduzem orçamento doméstico; em um ano, mais 1,23 mi entra no mercado, diz IBGE
Renda familiar cai, e mais pessoas vão procurar emprego
DA SUCURSAL DO RIO
Em um ano, 1,228 milhão de
pessoas ingressaram no mercado
de trabalho, ampliando a oferta e
pressionando a taxa de desemprego. O número representa o
quanto a PEA (População Economicamente Ativa) aumentou de
setembro de 2002 para setembro
de 2003.
Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o
crescimento ocorreu porque mais
gente busca uma colocação com o
objetivo de compensar a queda
do rendimento familiar. A PEA é
a força de trabalho, que inclui as
pessoas empregadas e as que estão procurando trabalho.
Especialistas ouvidos pela Folha
concordam com a avaliação do
IBGE. Afirmam, porém, que também há outra explicação. É que,
com a redução dos juros e a discreta melhora da atividade econômica, há um estímulo para que
mais pessoas, antes fora do mercado, voltem a procurar emprego.
Em setembro, a PEA aumentou
6,1% em relação ao mesmo mês
de 2002 e 1,1% em relação a agosto
deste ano. O crescimento anual
entre as mulheres foi maior: 7,8%
contra 4,7% dos homens.
"É tudo isso junto. Não há uma
razão isolada", diz Sérgio Machado, diretor técnico do Dieese.
O economista Carlos Urso, da
LCA, concorda que as duas análises são válidas e se complementam. Já para João Sabóia, diretor
do Instituto de Economia da
UFRJ, a explicação mais importante é a da redução da renda, que
leva mais gente ao mercado.
Perfil
O IBGE também traçou o perfil
de quem está migrando para a
PEA. Entre os que conseguem
emprego e se tornam ocupados, a
maioria tem mais de 50 anos, é
chefe da família ou cônjuge, do sexo feminino, ganha menos de R$
200 e vai para a informalidade. Esse contingente se emprega especialmente no comércio e ganha
menos de um mínimo (R$ 240).
Com mais opções, os que não
conseguem emprego têm um perfil diferenciado. São jovens de 18 a
24 anos, com mais de 11 anos de
estudo. A maioria nunca trabalhou. Segundo o IBGE, são pessoas que podem ficar desempregadas, aguardando uma oportunidade melhor.
Uma solução para absorver
mais gente que está entrando no
mercado é a criação de frentes de
trabalho nas grandes cidades, segundo informa em relatório o Secretário de Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo,
Márcio Pochmann.
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