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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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NÓ COMERCIAL

País vizinho fica ao lado de parceiro do Mercosul na queda-de-braço com os EUA, afirma chanceler Bielsa

Argentina apóia Brasil na negociação da Alca

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A Argentina vai ficar ao lado do Brasil na queda-de-braço travada com os EUA nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). "O Mercosul e as relações com o Brasil são uma opção estratégica", afirmou ontem o ministro das Relações Exteriores do país vizinho, Rafael Bielsa.
Segundo o chanceler, Brasil e Argentina têm propostas conjuntas e a intenção é fortalecer a parceria. "Nossas posições são muito parecidas com as do Brasil."
O ministro, que hoje terá um encontro com o representante dos EUA na co-presidência da Alca, Peter Allgeier, disse que os americanos estão "maximizando" sua posição e que a Argentina não irá ceder às pressões. "Se [os EUA] esperam que nossos países sejam subservientes, se enganam. O que discutimos aqui é a sobrevivência, e não a opulência."
Bielsa disse que pretende chegar a um acordo com Allgeier durante a reunião de hoje. E ainda criticou o fato de o embaixador norte-americano ter dito, durante encontro anteontem no Congresso brasileiro, que a Alca sairia com ou sem a participação do Brasil. "Se fosse os EUA, não faria a Alca sem o Brasil por uma questão meramente comercial", afirmou.
O ministro negou que a visita de Allgeier à Argentina tenha por objetivo enfraquecer o G-X, grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil na última reunião da OMC para defender a liberalização agrícola dos países ricos. Alguns setores econômicos do país vizinho chegaram a cogitar que os EUA fariam propostas "tentadoras" na área comercial para cooptar um apoio argentino contra o Brasil nas negociações.
Informação veiculada anteontem pelo jornal "Ámbito Financiero" dizia que os EUA poderiam propor um acordo bilateral que renderia à Argentina US$ 800 milhões ao ano em exportações ao mercado norte-americano. Segundo o jornal, os EUA estariam dispostos a abrir seu mercado para alguns produtos em troca de um compromisso argentino de deixar o Brasil "isolado" na Alca e na OMC. Bielsa, no entanto, negou todas essas versões.

Encontros
A pauta das reuniões que Allgeier terá com membros do governo argentino prevê discutir mecanismos para ampliar as exportações argentinas de carne, mel, têxteis e cítricos para os EUA, além de tratar de temas como propriedade intelectual, investimentos, biotecnologia e barreiras fitossanitárias. A lista de temas foi divulgada ontem à noite pelo governo argentino .


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