São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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TRABALHO

Taxa de desemprego em setembro (10,9%) é a menor em 2004 e rendimento cresce; para IBGE, ainda não é o "nirvana"

Emprego e renda têm melhor resultado no ano

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE de setembro trouxe três dados positivos em relação ao mercado de trabalho brasileiro -a taxa de desemprego caiu, a renda aumentou e mais pessoas estão empregadas com carteira assinada tanto em relação a agosto de 2004 como a setembro do ano passado. É melhor resultado desde o início do ano.
Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os dados são favoráveis, mas isso não significa que o país tenha atingido o nirvana, segundo o gerente da pesquisa, Cimar Pereira.
"Os resultados são animadores, mas não estamos no nirvana porque a taxa de desocupação ainda é alta, na casa dos dois dígitos. Além disso, o número de trabalhadores sem carteira e por conta própria [mercado informal] continua considerável dentro do mercado de trabalho."
A taxa de desemprego ficou em 10,9% em setembro, índice igual a de dezembro de 2003. Mais baixo do que isso, só em dezembro de 2002, quando atingiu 10,5%, o menor desde o início da série da pesquisa, em março de 2002.
Em agosto a taxa de desemprego havia sido de 11,4% e, em setembro do ano passado, de 12,9%. O nível de ocupação, que chegou a 51,5% em setembro, é o maior da série do IBGE.
"O resultado, apesar de ser mais baixo do que em dezembro de 2002, é mais satisfatório porque em dezembro a taxa de desocupação sempre cai por causa dos trabalhos temporários típicos da época de Natal", afirmou Pereira.
Para Lauro Ramos, coordenador de Estudos de Mercado de Trabalho do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, já é possível "pensar em dezembro com uma taxa de desemprego de um dígito".

Rendimento
Com relação ao rendimento real do trabalhador (descontada a inflação), foi registrada uma alta de 1,7% em setembro em relação a agosto. No mês passado, a renda real havia apresentado queda de 1,4% em comparação a julho.
No caso do rendimento real, ele ainda é menor do que a registrado há dois anos. Hoje, a média é de R$ 910,10. Em setembro de 2002, era de 1.032,92.
"Já estava passando da hora de a renda mostrar alguma recuperação", disse Lauro Ramos. Ele salienta que a renda do trabalhador despencou mais de 13% em 2003 em relação a 2002. "Foi uma queda brutal e vai demorar muito para voltar aos patamares de 2002."
O mês de setembro também registrou uma alta de 1,6% no número de empregados com carteira assinada em relação a agosto deste ano. É a maior variação desde agosto de 2002. Isso significa que mais 117 mil pessoas tiveram a carteira assinada em setembro em comparação com agosto.
Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, 7,52 milhões de empregados (38,8% da população ocupada) tinham carteira assinada em setembro, contra 7,02 milhões de trabalhadores sem carteira (15,9%) ou trabalhando por conta própria (20,4%).


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