São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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TRABALHO

Segundo o Ipea, resultado mostra que política de juros em alta tem lógica

Para analista, recuperação do emprego dá força ao BC

DA SUCURSAL DO RIO

O coordenador de Estudos de Mercado de Trabalho do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Lauro Ramos, afirmou ontem que os resultados da pesquisa de emprego do IBGE mostram que o Banco Central "não está em Marte" com a sua política de elevar a taxa básica de juros.
"Sem dúvida nenhuma esses números, a expansão do comércio, o encolhimento da capacidade ociosa das indústrias apontam para a direção de que o Banco Central não está em Marte", afirmou Ramos. O BC anunciou na última quarta-feira o aumento da taxa de 16,25% para 16,75%.
Para ele, os juros "certamente" vão segurar a expansão econômica e, consequentemente, o mercado de trabalho. Mas Ramos salienta que isso não ocorrerá no curto prazo. "Para este ano, os efeitos da alta de juros ainda não serão tão intensos", disse. "O mercado de trabalho não reage imediatamente."
Para Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, a recuperação do emprego deve ser afetada em 2005, mas não só por causa dos juros maiores.
"A incerteza em relação ao preço do petróleo pode gerar uma certa apreensão do empresário em gerar novos investimentos, porque ele não sabe quanto os seus custos vão aumentar", disse.
A Petrobras anunciou no dia 14 um reajuste de 4% no preço da gasolina nas refinarias da estatal e de 6% no diesel. O aumento foi abaixo do esperado por especialistas, que já apostam em um novo reajuste até o final do ano.
A pesquisa do IBGE mostra que as atividades relacionadas a hospedagem, turismo, alimentação, recreação e serviços pessoais foram as que mais contrataram em setembro em relação a agosto deste ano (3,5%).
Para Kátia Namir, analista do IBGE, esse tipo de emprego cresce quando há um aumento da ocupação geral da economia e uma melhora da renda. "São os serviços que as pessoas cortam quando há crise e voltam a usufruir quando a situação melhora."
Por causa da margem de erro do levantamento, o IBGE considera que a ocupação nas demais atividades econômicas -como indústria, construção e comércio- permaneceu estável sobre agosto.
A construção, aliás, foi a atividade que apresentou a maior taxa de desemprego (7,5%), seguida pelos serviços domésticos (6,1%) e comércio (4,9%).
Em relação às regiões metropolitanas, a taxa de desemprego mais alta foi registrada em Salvador (15,6%), seguida por Recife (12,4%), São Paulo (11,7%), Belo Horizonte (10,2%), Rio de Janeiro (8,8%) e Porto Alegre (8,7%).
Para o IBGE, São Paulo, apesar de registrar a terceira maior taxa de desemprego, foi a única que apresentou queda relevante, de 0,9 ponto percentual, em relação a agosto. Pelos critérios do instituto, as demais ficaram estáveis.
Quatro das seis regiões pesquisadas apresentaram recuperação no rendimento real em comparação a agosto. (GABRIELA WOLTHERS)


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