|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Segundo o Ipea, resultado mostra que política de juros em alta tem lógica
Para analista, recuperação
do emprego dá força ao BC
DA SUCURSAL DO RIO
O coordenador de Estudos de
Mercado de Trabalho do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), Lauro Ramos, afirmou
ontem que os resultados da pesquisa de emprego do IBGE mostram que o Banco Central "não
está em Marte" com a sua política
de elevar a taxa básica de juros.
"Sem dúvida nenhuma esses
números, a expansão do comércio, o encolhimento da capacidade ociosa das indústrias apontam
para a direção de que o Banco
Central não está em Marte", afirmou Ramos. O BC anunciou na
última quarta-feira o aumento da
taxa de 16,25% para 16,75%.
Para ele, os juros "certamente"
vão segurar a expansão econômica e, consequentemente, o mercado de trabalho. Mas Ramos salienta que isso não ocorrerá no
curto prazo. "Para este ano, os
efeitos da alta de juros ainda não
serão tão intensos", disse. "O
mercado de trabalho não reage
imediatamente."
Para Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, a recuperação do emprego deve ser
afetada em 2005, mas não só por
causa dos juros maiores.
"A incerteza em relação ao preço do petróleo pode gerar uma
certa apreensão do empresário
em gerar novos investimentos,
porque ele não sabe quanto os
seus custos vão aumentar", disse.
A Petrobras anunciou no dia 14
um reajuste de 4% no preço da gasolina nas refinarias da estatal e de
6% no diesel. O aumento foi abaixo do esperado por especialistas,
que já apostam em um novo reajuste até o final do ano.
A pesquisa do IBGE mostra que
as atividades relacionadas a hospedagem, turismo, alimentação,
recreação e serviços pessoais foram as que mais contrataram em
setembro em relação a agosto
deste ano (3,5%).
Para Kátia Namir, analista do
IBGE, esse tipo de emprego cresce
quando há um aumento da ocupação geral da economia e uma
melhora da renda. "São os serviços que as pessoas cortam quando há crise e voltam a usufruir
quando a situação melhora."
Por causa da margem de erro do
levantamento, o IBGE considera
que a ocupação nas demais atividades econômicas -como indústria, construção e comércio-
permaneceu estável sobre agosto.
A construção, aliás, foi a atividade que apresentou a maior taxa de
desemprego (7,5%), seguida pelos serviços domésticos (6,1%) e
comércio (4,9%).
Em relação às regiões metropolitanas, a taxa de desemprego
mais alta foi registrada em Salvador (15,6%), seguida por Recife
(12,4%), São Paulo (11,7%), Belo
Horizonte (10,2%), Rio de Janeiro
(8,8%) e Porto Alegre (8,7%).
Para o IBGE, São Paulo, apesar
de registrar a terceira maior taxa
de desemprego, foi a única que
apresentou queda relevante, de
0,9 ponto percentual, em relação a
agosto. Pelos critérios do instituto, as demais ficaram estáveis.
Quatro das seis regiões pesquisadas apresentaram recuperação
no rendimento real em comparação a agosto.
(GABRIELA WOLTHERS)
Texto Anterior: Luís Nassif: A hora dos grandes projetos Próximo Texto: Trabalho: Juro alto pode afetar emprego, diz Berzoini Índice
|