São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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CENÁRIO EXTERNO

Governo afirma que economia está "sob controle", mas a inflação sobe acima das previsões oficiais

China reduz o crescimento, para 9,1%

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O ritmo de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) chinês passou de 9,7% para 9,1% entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano, período no qual o volume de investimentos também teve desaceleração.
A quantidade de recursos investidos em ativos fixos, como fábricas e máquinas, cresceu 27,7% nos primeiros nove meses do ano. Entre janeiro e junho, o mesmo indicador havia sido de 31,0%. Se for considerado apenas o primeiro trimestre, os investimentos subiram 47,8% em relação a igual período de 2003.
A partir de abril, o governo chinês adotou uma série de medidas para tentar controlar o ritmo de expansão da economia, considerado insustentável.
A maioria dos economistas acreditava que o PIB chinês cresceria a uma taxa de dois dígitos neste ano se fosse mantida a mesma atividade registrada no primeiro trimestre.

Superaquecimento
O temor do governo chinês era que o superaquecimento da economia provocasse um excesso de oferta em determinados setores, o que poderia levar a uma interrupção brusca da atividade, chamada de "hard landing" (forte desaceleração).
Além disso, a infra-estrutura de energia e de transporte do país não estava preparada para suportar uma alta do PIB muito maior que a registrada. O objetivo das medidas de contenção era reduzir a velocidade de expansão da economia e produzir um pouso suave, o "soft landing".
Zheng Jingping, porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas, afirmou ontem que os fatores desestabilizadores da economia existentes no início do ano foram "colocados sob controle".
Mas Zheng ressaltou que alguns problemas continuam a existir na economia, como o estímulo ao excesso de investimento e restrições na oferta de carvão, eletricidade e petróleo.
A principal decisão adotada pelo governo no primeiro semestre foi a restrição de novos empréstimos para setores considerados superaquecidos, como aço e construção civil. Segundo Zheng, os recursos aplicados nesses setores diminuíram de maneira significativa.
No caso do alumínio, por exemplo, o investimento passou de um crescimento de 39,3% entre janeiro e março para uma contração de 6,5% no terceiro trimestre.

Inflação
Apesar da redução do ritmo de expansão da economia, os preços continuam a subir acima das previsões oficiais. O Índice de Preços ao Consumidor atingiu 5,2% nos 12 meses encerrados em setembro. Nos nove primeiros meses do ano, a alta de preços acumulada é de 4,1%. A expectativa do governo era que o indicador chegasse a um patamar próximo de 3% no mês passado.
Apesar do resultado superior ao esperado, Zheng afirmou que a evolução dos preços é "estável" e que a tendência de alta se inverteu no mês passado.
A maior pressão inflacionária veio dos alimentos, que tiveram alta de 10,9% nos primeiros nove meses do ano. No caso dos grãos, o aumento foi ainda mais acentuado e atingiu 28,4% no mesmo período.
O governo espera que o PIB feche o ano de 2004 com uma expansão de 9% e tenha uma alta de 8% durante o próximo ano. Em 2003, o crescimento foi de 9,3%, segundo dados revisados pelo governo neste mês.


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