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CENÁRIO EXTERNO
Governo afirma que economia está "sob controle", mas a inflação sobe acima das previsões oficiais
China reduz o crescimento, para 9,1%
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O ritmo de crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) chinês
passou de 9,7% para 9,1% entre o
segundo e o terceiro trimestres
deste ano, período no qual o volume de investimentos também teve desaceleração.
A quantidade de recursos investidos em ativos fixos, como fábricas e máquinas, cresceu 27,7%
nos primeiros nove meses do ano.
Entre janeiro e junho, o mesmo
indicador havia sido de 31,0%. Se
for considerado apenas o primeiro trimestre, os investimentos subiram 47,8% em relação a igual
período de 2003.
A partir de abril, o governo chinês adotou uma série de medidas
para tentar controlar o ritmo de
expansão da economia, considerado insustentável.
A maioria dos economistas
acreditava que o PIB chinês cresceria a uma taxa de dois dígitos
neste ano se fosse mantida a mesma atividade registrada no primeiro trimestre.
Superaquecimento
O temor do governo chinês era
que o superaquecimento da economia provocasse um excesso de
oferta em determinados setores, o
que poderia levar a uma interrupção brusca da atividade, chamada
de "hard landing" (forte desaceleração).
Além disso, a infra-estrutura de
energia e de transporte do país
não estava preparada para suportar uma alta do PIB muito maior
que a registrada. O objetivo das
medidas de contenção era reduzir
a velocidade de expansão da economia e produzir um pouso suave, o "soft landing".
Zheng Jingping, porta-voz do
Departamento Nacional de Estatísticas, afirmou ontem que os fatores desestabilizadores da economia existentes no início do ano
foram "colocados sob controle".
Mas Zheng ressaltou que alguns
problemas continuam a existir na
economia, como o estímulo ao
excesso de investimento e restrições na oferta de carvão, eletricidade e petróleo.
A principal decisão adotada pelo governo no primeiro semestre
foi a restrição de novos empréstimos para setores considerados
superaquecidos, como aço e
construção civil. Segundo Zheng,
os recursos aplicados nesses setores diminuíram de maneira significativa.
No caso do alumínio, por exemplo, o investimento passou de um
crescimento de 39,3% entre janeiro e março para uma contração de
6,5% no terceiro trimestre.
Inflação
Apesar da redução do ritmo de
expansão da economia, os preços
continuam a subir acima das previsões oficiais. O Índice de Preços
ao Consumidor atingiu 5,2% nos
12 meses encerrados em setembro. Nos nove primeiros meses do
ano, a alta de preços acumulada é
de 4,1%. A expectativa do governo
era que o indicador chegasse a um
patamar próximo de 3% no mês
passado.
Apesar do resultado superior ao
esperado, Zheng afirmou que a
evolução dos preços é "estável" e
que a tendência de alta se inverteu
no mês passado.
A maior pressão inflacionária
veio dos alimentos, que tiveram
alta de 10,9% nos primeiros nove
meses do ano. No caso dos grãos,
o aumento foi ainda mais acentuado e atingiu 28,4% no mesmo
período.
O governo espera que o PIB feche o ano de 2004 com uma expansão de 9% e tenha uma alta de
8% durante o próximo ano. Em
2003, o crescimento foi de 9,3%,
segundo dados revisados pelo governo neste mês.
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