São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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NEGÓCIOS

Estado depende do petróleo

Rio atrai investimentos mais diversificados

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A economia do Rio vive um processo de diversificação nos últimos anos, recebendo investimentos de novos setores, tendência irá se acelerar nos próximos anos, dizem analistas. Mas o Estado ainda continuará dependente do petróleo por muito tempo.
Essa realidade, porém, já começa a mudar graças aos investimentos em ampliação de capacidade de outros setores. Entre eles, estão petroquímico, automobilístico, pneus, fármacos e bebidas.
Para 2005, o governo projeta receber, ao menos, R$ 5 bilhões em novos investimentos. Boa parte da cifra já está sendo utilizada na ampliação de instalações e em novas linhas de produção.
Ainda assim, o petróleo é o recordista em investimento. Só a Petrobras gastará R$ 12 bilhões em projetos como a ampliação da Reduc, plataformas de prospecção e produção de óleo construídas no Estado, estrutura de escoamento do petróleo de Campos, no gasoduto Campinas-Rio e no pólo gasquímico. Esses projetos estarão concluídos até 2007.
Para Luciana Sá, economista da Firjan, o petróleo tem um peso muito grande no Estado (80% da produção nacional está no Rio), o que mascara o desempenho da indústria tanto quando ela vai bem como quando vai mal.
Neste ano, dados do IBGE revelam que a indústria extrativa mineral perdeu fôlego, enquanto a de transformação cresceu.
Luciana ressalta que o desempenho do Rio é pior do que o de outros Estados. Mas que a tendência de recuperação também se nota na indústria fluminense. "Os ramos que estão liderando, como bens duráveis e agroindústria, têm um peso pequeno no Rio."
André Oliveira, economista do Departamento de Indústria do IBGE, concorda que a indústria fluminense passa por um período de diversificação. Muitos setores que antes tinham impacto pequeno na economia do Estado, diz, estão ganhando corpo e participando mais da produção do setor.
Sá, da Firjan, destaca o forte impulso exportador da indústria metal-mecânica (automobilística, máquinas e equipamentos), no sul do Estado. Os caminhões e ônibus já são o quarto item mais importante nas exportações do Rio -só perde para petróleo, óleo combustível e siderúrgicos.
A Volkswagen está investindo R$ 1 bilhão -90% desse valor já foi desembolsado- na ampliação de sua fábrica em Rezende. A unidade produz ônibus e caminhões e será uma plataforma de exportação de veículos desmontados para México e África do Sul. Mais 400 empregos serão criados no próximo mês na fábrica, que ganhará um segundo turno.
Já a Peugeot Citröen gastará US$ 50 milhões na linha de produção de motores 1.4 e para fabricar um novo modelo (o 206 SW).
O maior de todos projetos em curso no Estado é a Rio Polímeros, central de matérias-primas para a indústria química que será inaugurada no início de 2005. O projeto é a base do pólo gasquímico em Duque de Caxias. Seus sócios -Suzano, Unipar, BNDES e Petrobras- planejam duplicar a planta no futuro e a expectativa é criar uma cadeia da indústria do plástico (que usa insumos gasquímicos) ao redor da central.
Além dessas iniciativas, a francesa Michelin está investindo US$ 98 milhões na ampliação de suas duas fábricas de pneus e componentes instaladas no Estado.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Humberto Mota, os ramos de fármacos e bebidas também estão em expansão. Duas farmacêuticas francesas -Sanofi-Synthelabo e Cervier- já manifestaram interesse em montar unidades no Estado. Segundo Mota, a empresa de bebidas destiladas francesa Pernod Ricard está reativando uma planta no Rio. Já a portuguesa Cintra aumentará sua fábrica de cervejas em Piraí.


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