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Governo livra investimento estrangeiro de pagar IOF
Empresa que trouxer recursos de empréstimos e financiamentos também será isenta
Justificativa para eliminar imposto é a necessidade de atrair o capital estrangeiro para o país num momento de crise internacional
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu zerar o
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) cobrado de investidores estrangeiros que compram títulos do governo federal
e de empresas que trazem recursos de empréstimos e financiamentos para o Brasil ou estão remetendo dólares para
honrar esses pagamentos no
exterior.
A proposta de decreto havia
sido enviada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e deve ser publicada na edição
de hoje do "Diário Oficial" da
União. Além de reduzir o custo
para as empresas e estrangeiros que aplicarem no país, a
medida também terá o efeito
adicional de aumentar a diferença entre as taxas de juros internas e externas.
Na prática, isso significa
maior rentabilidade para o capital que entra no país e, portanto, menor necessidade de
aumento das taxas de juros. Na
semana que vem o Copom (Comitê de Política Monetária) se
reúne para fixar a Selic, a referência para os juros do país.
No início do ano, para compensar o fim da cobrança da
CPMF (tributo do cheque), o
governo decidiu taxar as remessas e recebimentos de empréstimos por empresas no
Brasil com alíquota de 0,38%.
Entre as operações que começaram a ser tributadas estava,
por exemplo, a emissão de bônus no exterior por empresas
brasileiras.
O imposto vinha sendo cobrado quando o dinheiro entra
no país e quando a companhia
remete dólares para quitar a dívida lá fora. O decreto elaborado pelo Ministério da Fazenda
zera as duas cobranças nas operações feitas a partir de hoje.
Meta é trazer dólares
No caso da compra de títulos
e investimentos em fundos de
renda fixa por investidores estrangeiros o ganho será maior.
O governo tributava essas operações em 1,5% na entrada do
dinheiro no país. Assim, o aplicador pagava o imposto antes
de obter qualquer rendimento.
A medida, também tomada
no início do ano, tinha como
objetivo reduzir a entrada de
dólares no país, já que o câmbio
se apreciava. Os cálculos feitos
pelo governo eram de que o dinheiro precisava ficar investido
no Brasil pelo menos um ano
para que houvesse ganhos ao
comprador. Saindo num tempo
mais curto, o investidor perdia
dinheiro por causa do imposto.
Agora, a justificativa para
acabar com a cobrança é a necessidade de atrair o capital estrangeiro para o país num momento de crise internacional,
em que os aplicadores dão preferência a títulos do governo
dos Estados Unidos. Mais dólares também pode ajudar a evitar grandes oscilações na taxa
de câmbio.
A área técnica do governo reconhece, no entanto, que o fim
da cobrança não deve ser suficiente para trazer dólares ao
país no momento. Mas afirma
que, havendo uma melhora nos
mercados internacionais, o fim
do IOF será uma vantagem importante para o país.
De acordo com dados do Tesouro Nacional, os estrangeiros
tinham R$ 93,7 bilhões investidos em renda fixa no país em
julho. Se forem considerados,
apenas as aplicações em títulos
emitidos pelo governo federal,
o valor era de R$ 67,7 bilhões, o
equivalente a 6,27% da dívida
em papéis que o Tesouro tem
em mercado.
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