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MP facilita compra da Nossa Caixa pelo BB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A MP 443, que libera o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica
Federal para irem às compras
em tempos de crise financeira,
já tem pelo menos um alvo definido: a aquisição da Nossa Caixa -controlada pelo governo
de São Paulo- pelo BB. Segundo o vice-presidente de finanças da instituição federal, Aldo
Luiz Mendes, agora é apenas
"uma questão de preço".
As negociações, que estavam
empacadas por falta de acordo
entre o governo federal e o de
São Paulo sobre o valor do banco, ficaram ainda mais distantes de um desfecho com a crise
financeira atual.
Isso porque, segundo afirmou Mendes, o pagamento seria feito em ações do BB, seguindo o modelo de incorporação adotado recentemente na
compra do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina). As
ações do BB estão despencando
com a crise que assola a Bolsa
de Valores. Somente ontem, a
queda foi de quase 10%.
A troca de ações com a Nossa
Caixa exigiria uma complexa e
cara operação financeira para
garantir ao governo de São Paulo que ele teria tempo para vender bem essas ações e fazer caixa, o objetivo principal do governador José Serra (PSDB)
com a venda do banco.
O BB não queria que o governo paulista ofertasse de uma
única vez no mercado as ações
recebidas porque isso reduziria
ainda mais o preço, prejudicando os demais acionistas.
Com a autorização legal para
fazer aquisições de outros bancos, o BB poderá pagar ao governo paulista em dinheiro, fazendo uma aquisição direta em
vez de uma incorporação. Além
disso, o banco federal também
poderá usar os créditos tributários da Nossa Caixa originados
em função de prejuízos no passado. No caso da incorporação,
isso não seria possível.
"A MP reduziu em 50% os
desafios para o BB comprar a
Nossa Caixa", afirmou Mendes.
No caso do BRB (Banco de Brasília), outro na mira do BB, ainda é preciso terminar a avaliação financeira.
"A MP traz grandes vantagens imediatas ao BB", disse
Mendes, referindo-se à compra
da Nossa Caixa. O executivo insistiu em que a interpretação
do mercado, que fez as ações do
banco despencarem quase 10%
ontem, estava errada.
"Num momento de liquidez
apertada, quem tem dinheiro
na mão dá as cartas do jogo",
afirmou para justificar que,
com a MP, o BB poderá participar ativamente de uma onda de
fusões que venha a ocorrer no
mercado financeiro nacional.
"Se não houvesse a MP, o BB
e a Caixa estariam assistindo
tudo num pólo passivo. Isso seria ruim para os dois", afirmou.
"A medida traz o que o BB vem
lutando há mais de uma década: a possibilidade de fazer
aquisições".
Para Mendes, uma nova rodada de fusões e aquisições no
sistema bancário brasileiro é
uma possibilidade que poderá
acontecer depois da venda de
carteiras, que já estava sendo
esperada.
"A venda de carteiras iria
acontecer de qualquer forma
porque em 2009 entram em vigor novas regras [internacionais] que exigem mais capital
dos bancos para fazer frente às
suas operações. Os bancos pequenos teriam que se capitalizar ou vender carteiras. A crise
só antecipou isso."
Em São Paulo
O governo paulista avalia que
a autorização de venda de instituições financeiras sem prévia
licitação facilitará a compra do
banco estadual Nossa Caixa pelo Banco do Brasil até o fim deste ano.
Colaborou CATIA SEABRA,
da Reportagem Local
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