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Baixa alavancagem poderá proteger bancos brasileiros
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sólido, pouco alavancado e
reforçado agora pela MP (Medida Provisória) que permite a
estatização, o sistema bancário
brasileiro não corre risco de
quebradeira de grandes instituições, como ocorreu nos EUA
e na Europa, avaliam especialistas ouvidos pela Folha.
Para Istvan Kasznar, professor da FGV, a proteção do sistema brasileiro vem do baixo nível de alavancagem. Segundo
estudo elaborado pelo especialista com 172 bancos, a alavancagem média do setor era, no
primeiro semestre deste ano,
de 8,2 vezes o patrimônio líquido. É, portanto, menor até do
que o limite de 11 vezes estabelecido pelas regras do acordo
Basiléia 2, que regula a atividade bancária mundial.
Nos EUA, algumas instituições trabalhavam com alavancagem de até 50 vezes, segundo
ele. "Aqui, temos um provisionamento muito maior. A capacidade de defesa das instituições é muito melhor", diz.
O ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo de Freitas
afirma que a quebra dos bancos
Marka e FonteCindam -que
estavam muito alavancados em
operações de câmbio durante a
maxidesvalorização do real em
1999- fez o BC criar regras que
protegeram o sistema bancário. Citou a exigência de um
maior patrimônio em caso de
aumento da exposição cambial.
Para Freitas, a crise internacional gerou no Brasil um problema de liquidez em algumas
linhas de crédito, mas não de
solvência como nos EUA,
quando os bancos ficaram com
patrimônio negativo no momento em que as garantias dos
empréstimos subprime perderam valor. Ele não acredita em
quebra de grandes instituições.
Diz, porém, que as instituições já estão mais seletivas e
conservadoras na concessão de
crédito. "A liquidez está empoçada. O medo de uma pressão
de saques fez os bancos ficarem
mais cautelosos."
Carlos Geraldo Langoni, diretor do Centro de Economia
Mundial da FGV e ex-presidente do BC, afirma que os
bancos brasileiros são dos mais
"sólidos e capitalizados" entre
os países emergentes graças à
reestruturação que ocorreu a
partir da estabilização da economia. Ele diz que o programa
de socorro Proer, criticado à
época, foi importante no processo de fortalecimento do sistema bancário brasileiro.
Apesar da rápida expansão,
diz, o crédito é pouco desenvolvido no país, o que protege os
bancos. Para o BC, o crédito alcançará 40% do PIB em 2008.
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