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Suzano tem prejuízo e adia projetos de investimento
Planos de até US$ 7 bi dependem de efeito da crise
AGNALDO BRITO
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
As decisões da Suzano Papel
e Celulose para deslanchar o
pacote de investimentos de
US$ 6 bilhões a US$ 7 bilhões
até 2015 foram postergadas até
que fiquem mais evidentes os
desdobramentos da crise que
atinge as economias mundiais.
"Os projetos estão em pé,
mas as decisões concretas vão
depender dos efeitos da situação econômica e da demanda
no exterior, além da oferta de
recursos para financiamento",
afirma Boris Tabacof, vice-presidente do conselho de administração da companhia.
A expansão da Suzano prevê
a construção de três fábricas de
celulose -uma no Piauí, uma
no Maranhão e outra em local
ainda não definido. "Como a
produção de celulose está voltada para o mercado externo, a
crise global fez com que as decisões para deslanchar os investimentos fossem postergadas."
Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano, afirma que a
companhia não precisa tomar
decisões neste momento. A decisão firme é a de manter os investimentos em florestas que
possam atender à demanda das
fábricas da empresa.
Maciel Neto não quis antecipar qual o rumo do plano da
empresa de elevar em 400 mil
toneladas por ano a produção
de celulose da fábrica de Mucuri (BA), com investimentos previstos para começar em janeiro
do ano que vem. O que está certo, segundo ele, é que essa fábrica de Mucuri será paralisada no
mês que vem para uma redução
da produção de celulose de 30
mil toneladas.
A Suzano não é a primeira
companhia de papel e celulose
a adotar postura mais conservadora com investimentos.
Afetada com a desvalorização
do real, a Aracruz anunciou a
suspensão de um projeto de
US$ 1,5 bilhão em Guaíba (RS).
A VCP (Votorantim Celulose
e Papel) informou que o negócio de R$ 2,7 bilhões com sócios
da Aracruz foi suspenso e não
tem data para ser retomado. E a
Klabin decidiu paralisar todos
os investimentos para "preservar o caixa", segundo informou.
Balanço
A Suzano, líder no mercado
brasileiro de papel para imprimir e escrever, fechou o terceiro trimestre deste ano com prejuízo de R$ 293 milhões, após
registrar, de abril a junho deste
ano, lucro de R$ 185 milhões.
No terceiro trimestre do ano
passado também fechou com
lucro -de R$ 168 milhões.
No período de janeiro a setembro deste ano, o lucro da
companhia foi de R$ 21,1 milhões ou 95,2% menor do que o
registrado em igual período de
2007, de R$ 446 milhões.
A redução do lucro, segundo
Maciel Neto, foi provocada pela
forte desvalorização do real em
setembro, que resultou numa
elevação de R$ 480 milhões na
dívida da companhia atrelada
ao dólar. Não houve desembolso desse valor, o efeito é contábil no balanço. O endividamento em moeda estrangeira da Suzano em 30 de setembro foi de
US$ 1,7 bilhão. Hoje, a companhia tem US$ 270 milhões em
aplicações. Embora a desvalorização cambial tenha comprometido o resultado da empresa
no terceiro trimestre deste ano,
as exportações da Suzano podem compensar a partir de agora esse resultado negativo.
Com a alta do dólar, segundo
ele, as receitas em reais podem
crescer e inverter a atual situação. Por ano, a Suzano tem exportações de US$ 1,5 bilhão.
Maciel Neto não esconde a
preocupação em relação aos
efeitos da crise financeira internacional. "O câmbio, sem
dúvida, ficará favorável às exportações. Os preços de celulose devem cair e os volumes de
exportação também não devem
ser maiores do que os atuais",
afirma. De acordo com Maciel
Neto, a empresa se prepara para um período de forte restrição de crédito.
Com R$ 1,7 bilhão no caixa, a
Suzano pretende ser conservadora na gestão desses recursos.
Os recursos financiam neste
momento as próprias exportações e as compras dos clientes,
dada a dificuldade de obtenção
de crédito no mercado.
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