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Bovespa volta a parar e tem perda de 10%
Recuos das ações se intensificam na última hora de operação; Bolsa paulista já acumula uma queda de 29% neste mês
Com perdas fortes em ações de bancos após MP, baixa das commodities e em outros mercados, Bolsa cai a menor nível desde 2006
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa tentou resistir até
a última hora de pregão, mas
não conseguiu evitar o acionamento do "circuit breaker". Às
17h18, as perdas bateram em
10%, o que levou o pregão a ser
interrompido por 30 minutos.
Após o retorno das operações a
Bolsa terminou o dia com queda de 10,18%, com contribuição
forte do setor bancário, afetado
pela MP do governo (leia texto
ao lado).
Todas as 66 ações que compõem o índice Ibovespa encerraram o dia com desvalorização. O índice fechou aos 35.069
pontos, em seu menor patamar
desde setembro de 2006. No
acumulado deste mês, as perdas estão em 29,21%. A queda
no ano é de 45,11%.
A Bolsa de Valores de São
Paulo operou em baixa durante
todo o pregão de ontem, em
consonância com mais um dia
de perdas fortes nos principais
centros financeiros do mundo.
O recuo das commodities no
exterior não deu chances para o
mercado acionário brasileiro se
descolar, devido ao impacto negativo que tem sobre as companhias de grande peso na composição do Ibovespa, como Petrobras e Vale.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones, que reúne as 30 ações
norte-americanas de maior liquidez, caiu 5,69%. Para a Bolsa
de Londres, as perdas ficaram
em 4,46%. Em Tóquio, o índice
Nikkei perdeu 6,79%. A Bolsa
do México perdeu 7,01%.
Para piorar os ânimos, o Departamento do Trabalho dos
EUA divulgou que o número de
trabalhadores demitidos no
país no ano, até setembro, alcançou o maior patamar em
seis anos. Já o presidente do
Banco da Inglaterra, Mervyn
King, afirmou que é provável
que o Reino Unido entre em recessão.
"Não se sabe claramente o
que vai ocorrer com a economia real e até onde vai a extensão dos impactos da crise. Vamos continuar tendo dados
econômicos negativos nos próximos meses. Há muitas incertezas sobre em que patamar a
economia vai parar e até onde
os preços das commodities podem descer", avalia Rodrigo
Bresser-Pereira, sócio-diretor
da Bresser Asset Management.
Nesse cenário marcado por
temores e incertezas em relação ao futuro da economia
mundial, os estrangeiros têm
elevado a venda de ativos de
emergentes. Pelo tamanho de
seu mercado, o Brasil está entre
os que mais sofrem com a intensificação do movimento,
com a continuidade na saída de
capital da Bolsa e a venda de papéis da dívida -que tem pressionado o risco-país.
O saldo dos negócios feitos
pelos estrangeiros na Bolsa tem
piorado. Neste mês, até o dia
20, os estrangeiros mais venderam que compraram ações brasileiros no montante de R$ 3,48
bilhões -em setembro saíram
líquidos R$ 1,81 bilhão, e em
agosto, R$ 2,25 bilhões.
As vendas não têm poupado
nenhum setor. As maiores quedas da Bovespa ontem ilustram
bem isso. A maior baixa do Ibovespa ficou com TIM Participações ON, que perdeu 21,91%,
seguida pelas ações ON da Gafisa (-20,04%) e por América Latina Logística ON (-19,75%).
A queda dos papéis mais negociados foi menos intensa. Porém, devido a seu peso na composição do Ibovespa, acabam
por serem decisivas para o resultado final da Bolsa.
Em um dia em que o barril de
petróleo encerrou negociado a
US$ 66,75 em Nova York, com
baixa de 7,52%, dificilmente as
ações da Petrobras conseguiriam ter resultado positivo. No
fim do dia, a ação preferencial
da Petrobras recuou 7,20%, e a
ordinária, 7,90%.
Os papéis da Vale tiveram
baixas de 8,67% (preferencial
"A") e 5,68% (ordinária).
"Tivemos mais um dia bem
ruim, mas não vejo um cenário
de pânico. A volatilidade, que
cresceu muito nas últimas semanas, tem dado o tom do mercado. Este ano já está perdido e
difícil é dizer por quanto tempo
ainda vai se estender esse ciclo
de volatilidade muito elevada",
afirma Jason Freitas Vieira,
economista-chefe da UpTrend
Consultoria Econômica.
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