São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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EUA decidem impor limite a pagamento para executivos

Ação do Departamento do Tesouro e do banco central marca intervenção maior da gestão Obama

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O Departamento do Tesouro e o Fed (o banco central americano) anunciaram, em ação coordenada, uma série de diretrizes para limitar o pagamento de remunerações a executivos. As regras representam um divisor de águas na relação do governo americano com Wall Street e marcam um grau maior de intervenção.
O Fed propõe uma regulação mais agressiva das práticas de remuneração de executivos de bancos. O Fed "está trabalhando para assegurar que os pacotes de remuneração vinculem os benefícios à performance de longo prazo e não criem risco exagerado para a empresa ou para o sistema financeiro", afirmou o presidente do Fed, Ben Bernanke. O plano deve entrar em vigor em cerca de 30 dias e incluirá um sistema de supervisão dos pagamentos para os 28 maiores bancos e para as centenas de pequenas instituições financeiras do país.
No mesmo dia, o czar de pagamentos dos EUA, Kenneth Feinberg, anunciou que os salários dos 25 executivos de sete firmas que receberam o maior volume de socorro financeiro do governo americano serão limitados a US$ 500 mil. Na prática, a remuneração em dinheiro deste ano será reduzida em mais de 90% ante a média do ano passado. As compensações integrais, que incluem outras formas de remuneração, serão cortadas pela metade.
"Os números apresentados pelas companhias, quase sem exceção, não eram de interesse público", afirmou Feinberg. "Eles eram muito altos ou representavam uma mistura inadequada de ações e dinheiro."

"Passo à frente"
O presidente dos EUA, Barack Obama, apoiou a medida. Disse que Feinberg dava um "importante passo à frente", mas afirmou que ainda há mais a ser feito. O governo tem defendido a necessidade de realizar a reforma do sistema financeiro que o presidente pretende aprovar no Congresso.
O pacote de pagamento dos maiores bancos será supervisionado por representantes do Fed. Nas instituições que mais receberam recursos do governo, como Citigroup, Bank of America, AIG, General Motors e Chrysler, qualquer pagamento de bônus futuro será concedido de acordo com o cumprimento de metas.
O corte foi anunciado depois da divulgação de pagamentos de bônus recordes ou de grande valor para empresas de Wall Street e para as companhias que mais receberam recursos do governo. Essas práticas estão justamente na origem da crise e foram mal recebidas pelos norte-americanos, que enfrentam uma taxa de desemprego de 9,8%, de acordo com os dados de setembro.


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