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EUA decidem impor limite a pagamento
para executivos
Ação do Departamento do Tesouro e do banco central marca intervenção maior da gestão Obama
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O Departamento do Tesouro
e o Fed (o banco central americano) anunciaram, em ação
coordenada, uma série de diretrizes para limitar o pagamento
de remunerações a executivos.
As regras representam um divisor de águas na relação do governo americano com Wall
Street e marcam um grau
maior de intervenção.
O Fed propõe uma regulação
mais agressiva das práticas de
remuneração de executivos de
bancos. O Fed "está trabalhando para assegurar que os pacotes de remuneração vinculem
os benefícios à performance de
longo prazo e não criem risco
exagerado para a empresa ou
para o sistema financeiro", afirmou o presidente do Fed, Ben
Bernanke. O plano deve entrar
em vigor em cerca de 30 dias e
incluirá um sistema de supervisão dos pagamentos para os 28
maiores bancos e para as centenas de pequenas instituições financeiras do país.
No mesmo dia, o czar de pagamentos dos EUA, Kenneth
Feinberg, anunciou que os salários dos 25 executivos de sete
firmas que receberam o maior
volume de socorro financeiro
do governo americano serão limitados a US$ 500 mil. Na prática, a remuneração em dinheiro deste ano será reduzida em
mais de 90% ante a média do
ano passado. As compensações
integrais, que incluem outras
formas de remuneração, serão
cortadas pela metade.
"Os números apresentados
pelas companhias, quase sem
exceção, não eram de interesse
público", afirmou Feinberg.
"Eles eram muito altos ou representavam uma mistura inadequada de ações e dinheiro."
"Passo à frente"
O presidente dos EUA, Barack Obama, apoiou a medida.
Disse que Feinberg dava um
"importante passo à frente",
mas afirmou que ainda há mais
a ser feito. O governo tem defendido a necessidade de realizar a reforma do sistema financeiro que o presidente pretende aprovar no Congresso.
O pacote de pagamento dos
maiores bancos será supervisionado por representantes do
Fed. Nas instituições que mais
receberam recursos do governo, como Citigroup, Bank of
America, AIG, General Motors
e Chrysler, qualquer pagamento de bônus futuro será concedido de acordo com o cumprimento de metas.
O corte foi anunciado depois
da divulgação de pagamentos
de bônus recordes ou de grande
valor para empresas de Wall
Street e para as companhias
que mais receberam recursos
do governo. Essas práticas estão justamente na origem da
crise e foram mal recebidas pelos norte-americanos, que enfrentam uma taxa de desemprego de 9,8%, de acordo com
os dados de setembro.
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