|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
China deve bater previsão de crescimento do governo
Economia do país asiático avança 8,9% no 3º trimestre ante igual período de 2008
Com gigantesco aumento no crédito, meta de PIB
8% maior em 2009 será ultrapassada, segundo
a maioria dos analistas
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A economia da China cresceu
8,9% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo
período do ano passado -a expansão anual entre janeiro e setembro foi de 7,7%. A meta do
governo é de 8% em 2009, número que deve ser superado segundo boa parte das previsões
de bancos e economistas.
O PIB chinês cresceu 6,1% no
primeiro trimestre em relação
ao mesmo período de 2008 e
7,9% no segundo trimestre.
O governo chinês usou o controle sobre os bancos -todos os
maiores são estatais- para estimular um gigantesco aumento no crédito. Nos primeiros
nove meses de 2009, o crédito
chegou a 8,65 trilhões de yuans
(US$ 1,26 trilhão, ou 3,3 vezes o
orçamento total do PAC brasileiro entre 2007 e 2010), 149%
mais crédito que no mesmo período do ano passado.
Boa parte do crédito foi concedida a empresas estatais e governos provinciais e locais para
obras de infraestrutura, de portos e rodovias a aeroportos e
trens de alta velocidade.
O consumo crescente de matérias-primas para saciar essas
obras, especialmente minério
de ferro, tem reflexo imediato
nas exportações brasileiras para o gigante asiático.
Mas o governo começou a dar
pistas de que diminuirá um
pouco o excesso de crédito para
começar a "esfriar" a economia
chinesa. Vários economistas
têm alertado para os riscos de
bolhas no setor imobiliário e de
ações, o aumento de créditos
podres, que podem jamais ser
devolvidos aos bancos, além do
aumento do excesso de capacidade em setores da economia.
O Conselho de Estado, o gabinete chinês, divulgou comunicado na quarta-feira em que
diz que uma das prioridades da
política macroeconômica chinesa nos próximos meses é
"equilibrar as tarefas de assegurar um estável e relativamente rápido crescimento econômico, ajustando a estrutura
econômica e regular as perspectivas inflacionárias".
Em 2008, o PIB cresceu 9%,
após quatro anos consecutivos
de expansão acima de 10%.
Desaceleração moderada
Em artigo publicado no jornal britânico "Financial Times", Qin Xiao, presidente do
sexto maior banco chinês, o
China Merchants Bank, escreveu que o governo não deveria
temer uma "desaceleração moderada" na economia.
O presidente do banco estatal argumenta que o país precisa de um urgente aperto na liberação de crédito para evitar
bolhas no setor imobiliário.
Mas o ritmo do crédito ainda
foi acelerado em setembro,
quando foram emprestados 517
bilhões de yuans (US$ 76 bilhões). Em agosto, o crédito havia sido de 410 bilhões.
Segundo o economista Ben
Simpfendorfer, que trabalha no
Royal Bank of Scotland em
Hong Kong, vários desequilíbrios persistem, "como a fraqueza no investimento privado
e o excesso de liquidez".
"O setor privado ainda precisa se recuperar de vez e boa
parte do crédito dos bancos foi
canalizada para as Bolsas e a especulação imobiliária, em vez
da economia real", disse Simpfendorfer à Folha.
"Tirando as grandes companhias estatais, as pequenas e
médias empresas têm acesso
difícil ao crédito", afirmou.
As vendas no varejo aumentaram 15,1% no terceiro trimestre em relação ao mesmo
período de 2008, mas o número não traduz fielmente o consumo privado, pois compras
governamentais são incluídas.
No mês passado, o governo
chinês já havia divulgado que
cerca de 80% dos 20 milhões
de migrantes rurais que perderam o emprego no ano passado
tinham se reempregado.
Os setores que mais demitiram em 2008 foram os voltados à exportação e o da construção civil.
A queda nas exportações chinesas, que estavam se retraindo a um ritmo de 25% em relação a 2008, foi atenuada para
-17% em setembro.
Texto Anterior: Elétricas recusam acordo com o Procon-SP Próximo Texto: EUA decidem impor limite a pagamento para executivos Índice
|