|
Próximo Texto | Índice
SALÁRIOS
Pagamento de dívidas e juros mais altos nas aplicações financeiras devem reduzir parte que iria para o consumo
Economia recebe mais R$ 16 bi com 13º
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
A economia começa a receber, a
partir da próxima sexta-feira, pelo
menos R$ 16 bilhões a mais do que
o normal. Até 28 deste mês as empresas devem pagar a primeira
parcela do 13º salário. O prazo da
segunda vence perto do Natal.
As expectativas sobre o impacto
dessa montanha de dinheiro sobre
as vendas, entretanto, se já não
eram animadoras, pioraram depois do salto dos juros. Aplicações
em fundos e poupança, de um lado, e o pagamento de dívidas, de
outro, devem ficar com boa parte
do 13º que iria para o consumo.
Não há números precisos sobre o
total de salários pagos no país. Um
bom indicador, entretanto, pode
ser a arrecadação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
A Caixa Econômica Federal contabilizou arrecadação de R$ 1,05
bilhão em outubro, referente a salários de setembro. Como o FGTS
corresponde a 8% de cada salário,
a massa salarial pode ser estimada
em R$ 13,1 bilhões.
No final de 1996, a massa salarial
medida dessa forma cresceu de
uma média de R$ 12 bilhões para
R$ 14,06 bilhões em novembro e
R$ 16,9 bilhões em dezembro.
O crescimento é desigual e os valores não dobram porque muitos
assalariados recebem metade do
13º nas férias, ao longo do ano.
Se ocorrer evolução semelhante
neste ano, o total de salários pagos
por empresas da economia formal
passa da média de R$ 13 bilhões
para uns R$ 15 bilhões neste mês e
R$ 18 bilhões em dezembro.
A economia receberia, portanto,
cerca de R$ 7 bilhões extras.
O número é estimado e pode ser
maior porque há um contingente
importante de trabalhadores sem
carteira assinada. Recebem o 13º,
mas seus empregadores não recolhem FGTS. O mesmo ocorre com
os empregados domésticos.
Além dos assalariados, receberão o 13º neste final de ano os aposentados do INSS. O pagamento
vai de 1º a 12 de dezembro.
O INSS vem desembolsando cerca de R$ 3,5 bilhões por mês com
benefícios, basicamente aposentadorias. Em dezembro, dobra.
Também recebem 13º os servidores públicos dos governos federal, estaduais e municipais.
Muitos deles têm FGTS e estão
incluídos na massa estimada de R$
7 bilhões. Mas a parcela não é tão
significativa e a evasão do fundo se
concentra no setor público.
No governo federal, metade do
13º foi paga em julho. A dimensão
da outra metade pode ser vista nos
dados do Tesouro. Entre novembro e dezembro de 96, a folha de
pagamentos cresceu de R$ 3 bilhões para R$ 4,8 bilhões. Há efeito
de encargos e férias com mais 1/3,
mas o impacto maior é do 13º.
Sobre Estados e prefeituras, cujos dados são esparsos e precários,
a pista pode ser o ICMS.
A arrecadação desse imposto gira em torno de R$ 5 bilhões por
mês. Se 80%, em média, são comprometidos com pagamento de
pessoal, é possível estimar algo como R$ 4 bilhões a mais neste final
de ano, por conta do 13º.
Próximo Texto | Índice
|