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TRANSIÇÃO
Basta o Fed pegar o telefone e se restabelece a confiança no Brasil, diz Mercadante a subsecretário do Tesouro
PT pede "crédito, crédito, crédito" aos EUA
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
"Crédito, crédito, crédito", pediu ontem o senador eleito Aloizio Mercadante [PT-SP] ao subsecretário do Tesouro norte-americano, Kenneth Dam, durante a
Cúpula de Negócios da América
Latina, vinculada ao Fórum Econômico Mundial.
"Basta o Fed [Federal Reserve
Bank] pegar o telefone e se restabelece a confiança no Brasil", disse Mercadante, destacando a importância dos EUA para estancar
o corte de linhas de crédito para o
Brasil.
Mercadante e Dam participaram da sessão plenária de encerramento da cúpula no Rio e, depois do almoço, se reuniram a sós
durante 45 minutos. Ao final,
Dam disse: "Estamos abertos a
discussões e vamos conversar sobre isso [crédito e influência do
Fed] em Washington, em dezembro". É quando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, irá
aos EUA.
Prêmios
Mercadante anunciou que o novo governo pretende "premiar os
bancos privados" que financiarem projetos de pequenas e médias empresas que tenham função
social, como forte geração de emprego. "Inclusive com créditos fiscais", ressaltou. Depois, comparou com experiência do BNDES,
por exemplo.
"Nós vamos respeitar contratos,
manter o equilíbrio fiscal e os superávits, mas isso não significa
abrir mão de nossas convicções",
avisou o futuro senador para a
platéia de mais de 200 homens de
negócios de vários países, especialmente da América Latina.
"Vamos colocar o social como
eixo edificante do econômico",
acrescentou ele, sob aplausos.
Opinou, então, que o processo de
globalização falhou na questão
social, e o ideal é que o Fórum
Econômico Mundial possa conviver com o Fórum Social de Porto
Alegre. Segundo Mercadante, o
governo Lula pode ser um "link"
entre os dois.
Mercadante também destacou
as dificuldades: "Com as restrições fiscais e econômicas, nossa
margem de manobra econômica
é muito pequena. Dos erros, menor ainda".
Mercosul
Mercadante também insistiu na
retomada do Mercosul e disse que
as relações com a Argentina serão
"leais e solidárias". Na sua opinião, "é melhor todos saírem juntos da crise do que sozinhos" e falou que a aproximação de indicadores macroeconômicos "fortalecem a identidade regional".
Em relação aos Estados Unidos,
o senador petista ampliou o discurso da véspera, quando dissera
que a intenção do governo Lula é
"jogar duro" com os parceiros do
Norte do continente.
"Os Estados Unidos sempre cobram abertura, mas só vale onde a
economia norte-americana é forte e competitiva. Onde não é, como na agricultura, que nos interessa diretamente, ninguém fala
em abertura, disse o senador eleito.
Milho
Olhando para Dam, a seu lado,
pediu: "Deixa a gente comprar o
milho de vocês e vocês comprarem o etanol [álcool] da gente. Essa é uma agenda positiva".
Mais tarde, em entrevista, Mercadante disse que no primeiro.
mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso os Estados
Unidos aumentaram suas exportações para o Brasil em 116%, enquanto o Brasil só aumentou as
suas para aquele país em 5,6%.
Tudo em função da política cambial equivocada, de acordo com o
senador eleito.
O senador também falou,
olhando para o subsecretário norte-americano, sobre a exigência
de patentes que os países desenvolvidos fazem aos pobres. Disse
que, dos 180 milhões de CDs comercializados por ano no Brasil,
10% são piratas.
"Enquanto vocês [desenvolvidos] continuarem enrolando os
países pobres, isso vai acontecer",
disse.
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