São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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DOUTRINA DA PORRETADA

Mercadante diz que quer Lula de taco na mão e Bush tentando pegar bola

Debate vira beisebol de palavras

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
O senador eleito Aloizio Mercadante e Kennenh Dam, subsecretário do Tesouro dos EUA


DOS ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

A troca de farpas entre o subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, Kenneth Dam, e o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP) foi sutil, mas contundente, durante o encerramento da Cúpula de Negócios da América Latina.
"Vocês nos obrigam a jogar beisebol, e nós sabemos jogar é futebol. Mas o nosso povo é criativo, vamos aprender a jogar o esporte de vocês", brincou Mercadante. "Beisebol é só porrete, e eles [os Estados Unidos] têm uma longa história de porretadas. Evidentemente, no beisebol", disse.
Mais adiante, Mercadante voltou à imagem para falar nas relações Brasil-EUA a partir de 2003: "Agora, quero ver o Lula de taco na mão e o Bush tentando pegar a bola". A platéia riu.
O jogo, de bola e de palavras, foi um segundo lance de Mercadante para se referir às futuras negociações comerciais entre o Brasil do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e os EUA de George Bush. Na véspera, ele já se referira a um "jogo duro" depois de encontro, em Brasília, com o subsecretário de Estado norte-americano para assuntos hemisféricos, Otto Reich.
Quem primeiro descontraiu o ambiente, na sessão de encerramento da cúpula no Rio, foi o diretor-geral do Fórum Econômico Mundial, o costarriquenho José María Figueres, ao registrar que Mercadante estava sentado à direita de Dam.
"O que me preocupa não é você estar ao centro, mas à direita de Dam. Onde vamos parar?", brincou Figueres. Mercadante acrescentou: "O PT é de esquerda". E o empresário Luiz Fernando Furlan (Sadia) fechou: "Centro-esquerda..."
Depois que Mercadante falou, sendo interrompido três vezes por aplausos, Dam iniciou sua exposição elogiando: "Agora entendo por que você teve 10 milhões de votos. Eu só tive um, o voto do presidente Bush".
Figueres riu e deu uma colher de chá para o subsecretário dos EUA: liberou-o do tempo estipulado para sua fala, de apenas seis minutos. Ele agradeceu, mas dispensou a gentileza. Falou pouco e sobriamente.
No final do encontro a embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak, cumprimentou o futuro senador de forma efusiva: "Excelente!", disse-lhe, em português. (ELIANE CANTANHÊDE E JOSÉ ALAN DIAS)


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