São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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WALL STREET EM TRANSE

Depois de recorde negativo, índice Dow Jones sobe 21% em seis semanas e Nasdaq ganha 32%

Apetite pelo risco volta, e NY se recupera

DA REDAÇÃO

Uma lenta mas constante recuperação retirou as Bolsas norte-americanas do fosso em que haviam mergulhado no mês passado. Desde o dia 9 de outubro, quando atingiram o valor mais baixo em cinco anos e meio, as ações norte-americanas já ganharam mais de 20%.
Depois de um prolongado período de vendas acentuadas, que fizeram as Bolsas sofrerem o maior tombo desde o "crash" de 1987, os investidores e grandes fundos começam a recalibrar suas carteiras. Segundo analistas, apesar de a economia norte-americana continuar em ritmo lento, os baixos juros e os preços atraentes de algumas ações aumentaram o interesse por papéis com grau mais elevado de risco.
Um bom exemplo são as empresas de telecomunicações e outras tecnológicas. Bolsa mais afetada pela fuga dos investidores, que foram amedrontados pela quebra de gigantes como a WorldCom e pelos resultados ruins do setor neste ano de uma maneira geral, a Nasdaq já subiu 31,8% nas últimas seis semanas.
O efeito também se refletiu na valorização dos papéis de países emergentes. Nas últimas semanas, o C-Bond, principal título brasileiro negociado internacionalmente, recuperou valor, e, como consequência, o risco-país recuou aos menores patamares desde julho.
Da segunda semana de outubro para cá, o Dow Jones, em que são listadas as ações das 30 principais empresas norte-americanas, registrou uma alta de 20,8%. Mas, no ano, o índice acumula perda de 12%. O índice Standard & Poor's das 500 maiores empresas do país teve alta de cerca de 20% nas últimas seis semanas.
"As coisas se tornaram bem mais positivas", disse Bob Basel, corretor sênior do banco de investimentos Salomon Smith Barney. "Os lucros das empresas têm sido bons, os indicadores futuros melhoraram e as taxas de juros estão próximas dos menores níveis de todos os tempos."
O mercado financeiro norte-americano -e, consequentemente, o mundial- sofreu uma série de choques neste ano. O mais grave foi a crise de credibilidade sem paralelo que arranhou a imagem de boa parte das companhias de primeiro time dos EUA.
A concordata de grandes companhias, como a própria WorldCom (dona da Embratel) e a Enron, também provocou uma chamada "fuga para a qualidade". Pesou para isso também o colapso argentino. Ou seja, depois de amargarem grandes prejuízos, os investidores saíram em busca de aplicações mais seguras, ainda que de baixo rendimento, como os títulos do Tesouro dos EUA.
Ontem as Bolsas norte-americanas fecharam praticamente estáveis. O Dow Jones cedeu 0,46%, enquanto a Nasdaq avançou 0,08% e atingiu seu nível mais elevado em pontos desde junho.


Com agências internacionais


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