São Paulo, terça-feira, 23 de novembro de 2004

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CONTAS VIGIADAS

Companhias com conta no Banco Santos se reunirão com interventor

Empresas se unem contra liquidação

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quarenta empresas e fundos de pensão com operações no Banco Santos criaram uma comissão para evitar a liquidação da instituição. Eles vão tentar se reunir com o interventor da companhia ainda nesta semana para pleitear uma solução que ponha a salvo as economias desse grupo.
Há empresas privadas com contas bancárias na instituição, além de fundos de pensão de funcionários públicos com aplicações financeiras administradas pelo banco. Na prática, se o banco for liquidado, esse grupo é o principal punido. Isso ocorre porque, nessa situação, o pagamento das dívidas trabalhistas permanece prioridade tanto na falência como na recuperação judicial.
A liberação de recursos nas contas bancárias é evitada até por uma razão estrutural.
Se os clientes conseguissem liberar seus rendimentos de forma imediata, haveria um baque para o caixa da instituição, que correria o risco de se esvaziar. Até a sexta-feira, a KPMG contava com 20 interessados em formar o comitê, com US$ 100 milhões em recursos no banco. O volume pulou para 40 credores ao final do dia de ontem, mas ainda não havia uma nova estimativa de valores.
A KPMG admite a possibilidade de o comitê ter poucos avanços. "Vai ser um risco que vamos correr. Mas é preciso pelo menos tentar algo", diz Eduardo Farhat, diretor da área de recuperação de corporações da KPMG.
Ainda não houve uma posição do grupo interventor do banco sobre como ficará a situação daqueles com operação bancária na instituição. O interventor é Vanio Aguiar, chefe do departamento de supervisão indireta do Banco Central.
Aos cotistas de fundos de investimentos, por exemplo, não se aplica uma regra (que existe para pessoas físicas) de que é possível retirar recursos de banco em intervenção.
Portanto, agora o interventor terá de avaliar a qualidade dos ativos que compõem o fundo e aí decidir como pagar aos cotistas.
Segundo o Banco Central, a intervenção deve durar seis meses, inicialmente. O prazo pode ser menor se a situação for resolvida ou se o Banco Central detectar que o quadro é tão grave a ponto de decretar a liquidação ou a falência do banco. Porém o BC pode pedir um prazo de mais seis meses para analisar os números.
O Banco Santos sofreu intervenção no último dia 12, depois que o BC informou que a instituição não estava conseguindo gerar caixa para cumprir com determinadas exigências que o BC faz a todos os bancos, como a regra de compulsório. Há suspeita de má administração e maquiagem de balanço.


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