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CONTAS VIGIADAS
Companhias com conta no Banco Santos se reunirão com interventor
Empresas se unem contra liquidação
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quarenta empresas e fundos de
pensão com operações no Banco
Santos criaram uma comissão para evitar a liquidação da instituição. Eles vão tentar se reunir com
o interventor da companhia ainda nesta semana para pleitear
uma solução que ponha a salvo as
economias desse grupo.
Há empresas privadas com contas bancárias na instituição, além
de fundos de pensão de funcionários públicos com aplicações financeiras administradas pelo
banco. Na prática, se o banco for
liquidado, esse grupo é o principal punido. Isso ocorre porque,
nessa situação, o pagamento das
dívidas trabalhistas permanece
prioridade tanto na falência como
na recuperação judicial.
A liberação de recursos nas contas bancárias é evitada até por
uma razão estrutural.
Se os clientes conseguissem liberar seus rendimentos de forma
imediata, haveria um baque para
o caixa da instituição, que correria
o risco de se esvaziar. Até a sexta-feira, a KPMG contava com 20 interessados em formar o comitê,
com US$ 100 milhões em recursos
no banco. O volume pulou para
40 credores ao final do dia de ontem, mas ainda não havia uma
nova estimativa de valores.
A KPMG admite a possibilidade
de o comitê ter poucos avanços.
"Vai ser um risco que vamos correr. Mas é preciso pelo menos tentar algo", diz Eduardo Farhat, diretor da área de recuperação de
corporações da KPMG.
Ainda não houve uma posição
do grupo interventor do banco
sobre como ficará a situação daqueles com operação bancária na
instituição. O interventor é Vanio
Aguiar, chefe do departamento de
supervisão indireta do Banco
Central.
Aos cotistas de fundos de investimentos, por exemplo, não se
aplica uma regra (que existe para
pessoas físicas) de que é possível
retirar recursos de banco em intervenção.
Portanto, agora o interventor
terá de avaliar a qualidade dos ativos que compõem o fundo e aí decidir como pagar aos cotistas.
Segundo o Banco Central, a intervenção deve durar seis meses,
inicialmente. O prazo pode ser
menor se a situação for resolvida
ou se o Banco Central detectar
que o quadro é tão grave a ponto
de decretar a liquidação ou a falência do banco. Porém o BC pode pedir um prazo de mais seis
meses para analisar os números.
O Banco Santos sofreu intervenção no último dia 12, depois que o
BC informou que a instituição
não estava conseguindo gerar caixa para cumprir com determinadas exigências que o BC faz a todos os bancos, como a regra de
compulsório. Há suspeita de má
administração e maquiagem de
balanço.
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