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FMI pode vender reservas em ouro para cobrir rombo
Proposta de alguns diretores visa ao pagamento de perdas operacionais previstas
Plano encontra resistência do governo dos EUA, maior detentor de estoques do metal e que tenta evitar
a redução das cotações
DA BLOOMBERG
O FMI (Fundo Monetário
Internacional), o terceiro
maior detentor de reservas em
ouro do mundo, deveria vender
parte de seu estoque do metal
para cobrir os prejuízos operacionais previstos. A avaliação é
compartilhada por um crescente número de seus diretores.
O FMI prevê que terá prejuízo de US$ 87,5 milhões em
2007 e de US$ 280 milhões em
2009. Alguns diretores dizem
que o Fundo deveria vender
uma parcela de suas 103 milhões de onças-troy de ouro (o
equivalente a 3.500 toneladas),
avaliadas em US$ 64,7 bilhões,
e investir os recursos obtidos
em ativos que rendem juros.
"Nós apoiaríamos a utilização das reservas de ouro como
parte da solução para as necessidades financeiras do FMI",
disse o finlandês Tuomas Saarenheimo, presidente de um
grupo que coordena o posicionamento dos membros da UE
(União Européia) no conselho
diretor do organismo, formado
por 24 pessoas.
A possibilidade da venda do
ouro ressalta a crise financeira
pela qual o FMI passa, num
momento em que países como
o Uruguai quitam seus empréstimos antes do prazo -reduzindo a receita de juros para o
Fundo- e em que diminui a demanda por empréstimos.
Os autores da proposta de
venda precisam antes vencer a
oposição dos EUA, o terceiro
maior produtor de ouro e o
maior detentor de reservas do
metal, que desejam manter elevados as cotações.
"Grandes detentores e produtores de ouro como os EUA
têm estado preocupados com a
possibilidade de que a venda do
metal por parte do FMI possa
reduzir seu preço", disse Ted
Truman, ex-secretário-assistente do Tesouro dos EUA e
acadêmico do Peterson Institute for International Economics
de Washington.
Brookly McLaughlin, porta-voz do Departamento do Tesouro norte-americano, disse
que a venda de ouro não é "a opção adequada neste momento
para lidar com os problemas financeiros do FMI".
Em vez de vender ouro, o
FMI deveria controlar seu orçamento anual, que dobrou de
valor na última década, passando a US$ 980 milhões, disse Devesh Kapur, economista da
Universidade de Pensilvânia.
"Permitiu-se que os gastos
do Fundo ficassem fora de controle", disse Kapur. "Atualmente, o Fundo tem um número de
funcionários e um orçamento
muito maiores do que é justificável por seu papel."
A venda de ouro é uma das
opções estudadas por um painel de oito pessoas, que é responsável pelas decisões financeiras do FMI e que foi indicado em maio passado pelo diretor-gerente do organismo, Rodrigo de Rato. O painel, que
tem entre seus membros o ex-presidente do Federal Reserve
(o BC dos EUA) Alan Greenspan, apresentará seu relatório
no início do ano que vem. Entre
outras soluções possíveis estão
o corte de gastos e pedidos de
contribuições para os países-membros do Fundo.
Jeroen Kremers, diretor-executivo da Holanda no Fundo, disse que é preferível realizar vendas limitadas de ouro a
tentar obter ajuda financeira.
"Tornar o Fundo dependente de seus países-membros por
meio de pedidos de contribuição para o orçamento anual
prejudicaria seriamente a independência do FMI e, em conseqüência, sua capacidade de
cumprir seu papel no sistema
financeiro mundial", disse.
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