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Cidade de GO limita área para plantio de cana
FRANCISCO FIGUEIREDO
DA AGÊNCIA FOLHA
A Prefeitura de Rio Verde
(241 km de Goiânia) sancionou neste mês uma lei que limita o plantio de cana-de-açúcar a 10% da área agricultável do município.
A medida desagradou aos
agricultores, que, descontentes com o baixo preço dos
grãos, pretendiam manter o
plantio de cana como opção.
Para Igor Montenegro,
presidente-executivo do Sindicato das Usinas de Álcool e
Açúcar de Goiás, a medida é
autoritária e inconstitucional, por ferir a livre iniciativa. "Como você vai falar para
um produtor que está endividado em um banco que ele
não pode procurar alternativas?", questionou.
O plantio de cana tem
crescido no sudoeste de
Goiás, tradicionalmente
mais vinculado ao plantio de
grãos.
Para Montenegro, a competência para tratar do caso
não é municipal. Ele classificou os autores da medida de
"viúvas da época da ditadura,
que acham que a Constituição não prevê liberdade".
Avelar Macedo, secretário
da Indústria e Comércio de
Rio Verde e um dos propositores da limitação, nega que
o projeto seja inconstitucional. De acordo com ele, a troca dos grãos pela cana enfraqueceria a economia da cidade, algo que já vem sendo notado em municípios vizinhos. "Nós já temos o agronegócio. Não queremos mudar o modelo."
Rio Verde tem indústrias
de ração, moagem de soja,
criadores de suínos, bovinos
e frangos, além de um frigorífico de grande porte. Mas,
segundo Macedo, o crescimento desses setores arrefeceu nos últimos dois anos.
Atualmente, a cana remunera melhor aqueles que pretendem arrendar a terra.
A prefeitura teme uma diminuição dos empregos e o
enfraquecimento da economia local caso a cana ocupe o
lugar dos grãos. "Parte do Estado de São Paulo fez essa
opção, virou uma tragédia. O
problema do Brasil é distribuir renda. E usina não compra nada, não ajuda aqui",
disse o secretário.
Inicialmente, a medida visava limitar o plantio de cana
a 10% de cada propriedade.
Aconselhada pelo departamento jurídico, a prefeitura
corrigiu o projeto para que o
limite fosse imposto à área
total da cidade.
Questionado se isso não
cria um desequilíbrio entre
os que já fizeram a opção pela cana e os que ainda pretendem mudar de plantio, o secretário afirmou que a área
de cana atualmente plantada
corresponde a apenas 1% da
parte agricultável do município. Assim, a área destinada à
cana pode crescer dez vezes
sem que se desrespeite a lei.
Para John Lee Ferguson,
agropecuarista de Rio Verde,
a medida é polêmica. "[A lei]
Tem prós e contras. Mas claro que, se tiver uma usina de
cana ao lado da minha propriedade, vou querer plantar
porque é uma alternativa."
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