Redução no ano passado foi motivada pela retração dos preços da soja e pela quebra na safra de milho, segundo o IBGE

Maior produtor de cana e de laranja do país, São Paulo manteve a maior participação na receita agrícola total, com 17,6%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os preços mais baixos da soja fizeram a agricultura brasileira retroceder no ano passado: o valor da produção agrícola caiu 14,2% de 2004 para 2005, quando totalizou R$ 95,460 bilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De 2004 para 2005, a redução representou perda de R$ 13,6 bilhões -80% dela provocada pelos menores preços da soja. A quebra da safra de milho, diz o IBGE, também contribuiu para a retração.
Em 2005, as cotações médias da soja estavam em R$ 424 por tonelada, abaixo dos R$ 658,50 de 2004. Neste ano, os preços se mantiveram depreciados -em torno de R$ 420.
Maior produtor de cana-de-açúcar e laranja do país (ambos produtos com elevadas cotações internacionais), o Estado de São Paulo manteve a maior participação na receita total gerada pela agricultura, com 17,6% em 2005.
Em razão da estiagem que afetou o Sul do país e atingiu as lavouras de milho e soja, o Paraná (12,1%) perdeu o segundo lugar para Mato Grosso (13,9%) no ranking dos maiores valores gerados pela agricultura. O mesmo motivo fez Minas Gerais (11,5%) tomar a quarta posição do Rio Grande do Sul (9,4%), que caiu para a quinta colocação.
Na média nacional, a produção de soja cresceu 8,5% em 2005. O recuo das lavouras de milho (4,7%) e de trigo (15,9%) provocou, porém, retração de 5,2% na safra total de grãos de 2005, cuja produção somou 112,697 milhões toneladas. Neste ano, o IBGE prevê expansão de 3,2% (116,2 milhões de toneladas). Para 2007, a primeira estimativa com base na área plantada aponta expansão de 5,3%, para 122,4 milhões de toneladas.
Segundo o IBGE, encabeçam a lista dos maiores produtores agrícolas municípios que são fortes no cultivo de grãos: Sapezal (MT), Campo Verde (MT), São Desidério (BA), Sorriso (MT) e Diamantino (MT).
O IBGE pesquisou ainda outros produtos agrícolas. A safra de café teve queda de 13,2% em 2005 em razão da bianualidade típica dessa cultura. Minas Gerais se manteve como o maior produtor, com 49% do total.

Liderança paulista
A lavoura da cana-de-açúcar cresceu 1,9%. O Estado de São Paulo produziu 60% dos 422,9 milhões de toneladas colhidas, o maior volume de produção entre todos os itens agrícolas.
A laranja sofreu quebra de safra de 2,5%, atingindo produção de 17,9 milhões de toneladas em 2005. São Paulo concentrou 80,5% da cultura de laranja, que foi afetada pelo excesso de chuvas, diz o IBGE.
A colheita de fumo caiu 3,7%. A região Sul é a maior produtora, com 97% do total.
Mais consumida no Brasil do que a batata (3,1 milhões de toneladas), a mandioca alcançou produção de 25,8 milhões de toneladas em 2005, com expansão de 8,1%. O produto é típico da agricultura familiar, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
As florestas (nativas ou não) geraram receita de R$ 10,31 bilhões. Desse total, 66,4% vieram de matas cultivadas (silvicultura), como as de pinheiros e eucaliptos. Os outros 33,6% vieram do extrativismo vegetal.


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