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Blitz de IPVA retém 1.826 documentos
Policiais e fiscais param 23.369 veículos durante fiscalização em 212 pontos de bloqueio no Estado de São Paulo
Objetivo da operação "De Olho na Placa" é combater
fraude no pagamento de IPVA, que tem alíquota
menor em outros Estados
Raimundo Paccó/Folha Imagem
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Policial durante batida na avenida 9 de Julho, no centro de SP |
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com 5.100 policiais e fiscais
nas ruas, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e a
Secretaria de Segurança Pública realizaram ontem a operação "De Olho na Placa" para
combater fraudes no pagamento de IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores). Carros de locadoras com
placas de outros Estados que
circulavam ontem em São Paulo foram os mais visados.
Essa a primeira vez que fiscais e policiais civis e militares
trabalham em conjunto numa
operação desse porte, antecipada pela Folha no último dia 11.
O objetivo da ação é recuperar
o IPVA que deveria ter sido pago em São Paulo, mas foi recolhido em outros Estados. A estimativa do fisco estadual é que
as fraudes resultem em perda
de R$ 1 bilhão por ano de ICMS
e IPVA.
Em São Paulo, o imposto é
mais alto: 4% sobre o valor do
carro. Por essa razão, proprietários de veículos optam por licenciar o carro em Estados que
têm alíquotas menores. No Paraná, o IPVA é de 2,5%, e, no
Tocantins, é zero no primeiro
ano e 1% a partir do segundo.
Durante a ação, foram parados 23.369 veículos no Estado
de São Paulo. Desse total, 1.826
veículos tiveram documentos
apreendidos porque possuem
certificado de registro em outros Estados em endereços
comprovadamente falsos.
Ao verificar os documentos,
os fiscais já tinham em mãos
uma lista com 43 endereços
falsos, geralmente fornecidos
por um despachante, principalmente nos Estados do Tocantins e do Paraná. Os motoristas
com registros com endereços
falsos foram levados às delegacias próximas às blitze, onde os
policiais civis abriram boletins
de ocorrência para apurar crimes de falsidade ideológica.
Durante a operação, 6.588
veículos que tinham placas de
outros Estados foram abordados pela fiscalização. Os fiscais
anotaram placas e dados desses
veículos para cruzamento de
informações e verificação se os
proprietários desses carros residem ou não em São Paulo.
Se forem residentes no Estado, eles também serão acionados por crime de falsidade
ideológica e de sonegação fiscal. No entender do fisco paulista, quem tem domicílio fiscal
em São Paulo deve pagar IPVA
do veículo em São Paulo.
Questionado sobre o transtorno que a operação "De olho
na Placa" causou aos motoristas que alugam carros de locadoras e sobre o elevado trânsito
ontem na capital, o secretário
da Fazenda paulista, Mauro Ricardo Costa, disse que a ação
não teria ocorrido se os Detrans de outros Estados e o Denatran tivessem fornecido informações solicitadas para
identificar as fraudes.
"Se tivéssemos recebido informações de Detrans de outros Estados e do Denatran, aí,
sim, daria para cruzar com as
de bancos de dados e identificar [as fraudes]. E não teríamos
a operação na rua", afirmou.
Para Ronaldo Marzagão, secretário de Segurança Pública
do Estado de São Paulo, o objetivo não é combater somente a
sonegação fiscal. "Essa operação "De Olho na Placa" não é
apenas uma operação fiscal,
mas também policial. Os bloqueios vão continuar."
Para realizar a "De Olho na
Placa", a Fazenda cruzou informações de donos de veículos
em bancos de dados dos fiscos
estadual e federal, do Detran de
São Paulo e de montadoras.
Informações do Ministério
Público do Tocantins, que investiga eventuais fraudes praticadas por locadoras e despachantes para escapar do pagamento de IPVA em São Paulo,
também foram consideradas.
Durante a operação, fiscais e
policiais abordaram outros
14.955 carros com placas de
São Paulo para verificar se o licenciamento estava regular.
Desse total, foram feitas 1.364
autuações por outras infrações,
como falta de equipamento e
de segurança nos veículos vistoriados.
Em 2006 e 2007, a Fazenda
paulista notificou 1,2 milhão de
proprietários de carros por
atraso no pagamento de IPVA,
o que resultou em autuações de
R$ 1 bilhão. A arrecadação de
IPVA em São Paulo é da ordem
de R$ 6 bilhões por ano.
Outro lado
A Abla (associação das locadoras de carros) diz que a operação "carece de amparo legal e
será contestada em juízo".
Para a entidade, o setor "não
irá se curvar diante dos artifícios de intimidação e constrangimento infringidos aos seus
clientes, aos turistas e à população em geral, artifícios esses representados pelas apreensões
e/ou impedimento de circulação dos veículos do setor".
A associação afirma ainda
que os veículos das locadoras
"estão e sempre estiveram em
situação regular e devidamente
licenciados e legalizados".
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