São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equador ameaça declarar moratória

Rafael Correa, presidente eleito, afirma que pode deixar de pagar dívida externa para priorizar demandas sociais

Novo governo prepara reestruturação do débito; futuro ministro menciona exemplo da Argentina, que anunciou calote em 2001

Juan Miraflores/EFE
Hugo Chávez mostra espada ao equatoriano Rafael Correa


DA FOLHA ONLINE

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, disse nesta sexta-feira que não descarta declarar uma "moratória unilateral da dívida externa" do país se isso for necessário para atender às demandas sociais.
"Se nosso dever moral de fornecer saúde, educação e moradia a nosso povo nos impedir de quitar a dívida, não hesitaremos dois segundos", afirmou Correa em Caracas (Venezuela), onde se reuniu com o colega Hugo Chávez. "Não excluímos uma moratória unilateral de nossa dívida externa", disse.
O presidente eleito do Equador disse que pensa em reestruturar a dívida externa do país, ao ser questionado sobre o pagamento de cerca de US$ 135 milhões a detentores de títulos equatorianos com vencimento em fevereiro -quando ele já estará no cargo de presidente.
A possibilidade de uma reestruturação da dívida foi confirmada pelo futuro ministro da Economia do Equador, o economista Ricardo Patino. "Temos de fazer algo sobre o serviço da dívida, porque está estrangulando nossa economia", disse. "Planejamos anunciar algo muito importante em fevereiro", completou.
Segundo Patino, representantes do próximo governo equatoriano devem se encontrar com os credores em janeiro para discutir um plano de reestruturação, que "pode ser mais parecido com o que aconteceu na Argentina do que com o que houve no Uruguai".
Em dezembro de 2001, o governo da Argentina, que atravessava uma grave crise econômica, decidiu declarar a moratória de sua dívida. Em fevereiro do ano passado, o país conseguiu que cerca de 76% de credores aceitassem trocar títulos velhos da dívida por novos, com um valor menor.
Já o governo uruguaio anunciou em 2003 um programa de reestruturação de sua dívida, pelo qual o Banco Central trocou títulos com vencimento neste ano por papéis com prazo maior, com vencimento em 2012, numa operação de cerca de US$ 3 bilhões.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que pode comprar mais títulos do Equador -no ano passado, a Venezuela adquiriu US$ 25 milhões em títulos do país vizinho e vem comprando papéis da dívida da Argentina desde 2005.
"Podemos ajudar o Equador tal como o fizemos com a Argentina", disse Chávez.


Texto Anterior: Siderurgia: UE dá "sinal verde" para Tata adquirir Corus
Próximo Texto: Negócios: Órgão dá aval a proposta pela Portugal Telecom
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.