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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Furlan justifica ação do BC como "austeridade"

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Mal chegou ontem ao Centro de Congressos, QG dos encontros anuais do Fórum Econômico Mundial, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) trombou com um empresário argentino, ultracurioso:
"Como é que você está se dando do outro lado?", quis saber o argentino, habituado a ver Furlan em Davos como empresário, presidente da Sadia.
"Bom, por enquanto, três semanas, tudo muito bem", respondeu Furlan.
Tão bem que Furlan conseguiu até elogiar o aumento da taxa de juros, decidido na véspera pelo Banco Central, o que era impensável para o Furlan-empresário.
"É uma sinalização de austeridade, neste momento em que a inflação já embicou para baixo."
Tentou ainda um raciocínio tipo "jogo do contente": "Uma coisa é o Greenspan [presidente do BC dos EUA" aumentar meio ponto na taxa de juros. Outra é o BC brasileiro fazer a mesma coisa. De 25% para 25,5%, dá apenas 2% de aumento", contabilizou.
Sem ter mudado de lado, o economista-chefe da Morgan Stanley, Stephen Roach, discorda de Furlan. Acha que o aumento dos juros explicita a armadilha em que está o Brasil:
"A elevação dos juros pode ajudar a lidar com a instabilidade cambial, mas cobra seu preço em termos de redução da demanda doméstica".
Furlan não conseguiu esconder que ficou surpreso com a decisão: esperava que o BC mantivesse os juros nos 25%.
O ministro conta que o "sinal de austeridade" representado pela alta dos juros ganhará reforço: "Na reunião da Câmara de Política Econômica, dias atrás, ficou decidido que cada ministério terá que cortar gastos. O meu vai cortar 10%".
Furlan confirma que seu colega da Fazenda, Antonio Palocci, quer mesmo elevar o aperto fiscal, elevando o superávit primário.


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