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Furlan justifica ação do BC como "austeridade"
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
Mal chegou ontem ao Centro de
Congressos, QG dos encontros
anuais do Fórum Econômico
Mundial, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento)
trombou com um empresário argentino, ultracurioso:
"Como é que você está se dando
do outro lado?", quis saber o argentino, habituado a ver Furlan
em Davos como empresário, presidente da Sadia.
"Bom, por enquanto, três semanas, tudo muito bem", respondeu
Furlan.
Tão bem que Furlan conseguiu
até elogiar o aumento da taxa de
juros, decidido na véspera pelo
Banco Central, o que era impensável para o Furlan-empresário.
"É uma sinalização de austeridade, neste momento em que a
inflação já embicou para baixo."
Tentou ainda um raciocínio tipo "jogo do contente": "Uma coisa é o Greenspan [presidente do
BC dos EUA" aumentar meio
ponto na taxa de juros. Outra é o
BC brasileiro fazer a mesma coisa.
De 25% para 25,5%, dá apenas 2%
de aumento", contabilizou.
Sem ter mudado de lado, o economista-chefe da Morgan Stanley, Stephen Roach, discorda de
Furlan. Acha que o aumento dos
juros explicita a armadilha em
que está o Brasil:
"A elevação dos juros pode ajudar a lidar com a instabilidade
cambial, mas cobra seu preço em
termos de redução da demanda
doméstica".
Furlan não conseguiu esconder
que ficou surpreso com a decisão:
esperava que o BC mantivesse os
juros nos 25%.
O ministro conta que o "sinal de
austeridade" representado pela
alta dos juros ganhará reforço:
"Na reunião da Câmara de Política Econômica, dias atrás, ficou
decidido que cada ministério terá
que cortar gastos. O meu vai cortar 10%".
Furlan confirma que seu colega
da Fazenda, Antonio Palocci,
quer mesmo elevar o aperto fiscal,
elevando o superávit primário.
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