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Aumento de taxa é decisão técnica, diz Palocci
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, classificou como
"técnica" a decisão unânime do
Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de aumentar os juros básicos da economia de 25% para 25,5%.
"Índices de juros são decisões
técnicas, que vamos acompanhar,
avaliar sempre, mas não vamos
interferir nas decisões do BC", declarou Palocci.
Nas duas vezes em que o mesmo Copom aumentou os juros no
final do ano passado, a medida foi
criticada pelas principais lideranças petistas, incluindo o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
por seu impacto recessivo.
"Todo mundo sabe que o Brasil
inteiro quer a redução das taxas
de juros. Isso é um desejo do Brasil, não é do governo ou dos produtores. Mas é preciso que isso seja feito com sustentabilidade. Se
não agirmos dessa maneira, desorganizamos as contas do Brasil", afirmou Palocci, em discurso
semelhante ao de Pedro Malan,
quando ocupava a Fazenda no
governo de Fernando Henrique
Cardoso.
O ministro petista procurou demonstrar tranquilidade com as
críticas de sindicalistas, parlamentares e empresários que
apoiaram a eleição de Lula à decisão do Banco Central.
"É natural. Ministros da Fazenda nem sempre podem carregar
boas notícias. Temos de fazer o
que deve ser feito. Vamos agir
com responsabilidade. Jamais
vou esperar que um sindicalista
ou um empresário que está procurando produzir comemore um
aumento da taxa de juros", disse.
"Queremos que seja feita a crítica até para que possamos construir o momento adequado para
que o Brasil possa de modo sustentado reduzir juros. Esse debate
é transparente", afirmou Palocci,
na sua visita de cerca de quatro
horas a Porto Alegre, momentos
antes de embarcar para Davos
(Suíça).
Na primeira reunião após a posse de Lula, o Copom elevou os juros sob a argumentação de que a
última projeção oficial mostra
que a inflação chegaria a 9,5% em
2003, acima da meta de 8,5%
anunciada pelo BC.
A taxa de juros está no nível
mais elevado desde os 27% fixados em maio de 1999, durante a
recuperação da crise que levou à
maxidesvalorização do real, em
janeiro daquele ano.
Palocci não quis precisar por
quanto tempo avalia que as taxas
devem ser mantidas elevadas.
"Espero que seja por um tempo
curto. Agora, se tudo acontecesse
do jeito que espero, o Brasil já estava bem melhor. É preciso reunir
condições que assegurem que a
inflação esteja num processo de
queda sustentado."
O ministro procurou realçar diferenças no momento econômico
que o país vive. Palocci reafirmou
que o projeto do PT prevê redução das taxas de juros, para que a
economia retome o crescimento e
produza mais empregos.
Assim como seu antecessor Pedro Malan, ressaltou a necessidade de gradualismo nas decisões
econômicas. "Reduzir a inflação
de 12,5% para 6%, 5,5% não se faz
num curto espaço de tempo."
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