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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Aumento de taxa é decisão técnica, diz Palocci

PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, classificou como "técnica" a decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de aumentar os juros básicos da economia de 25% para 25,5%.
"Índices de juros são decisões técnicas, que vamos acompanhar, avaliar sempre, mas não vamos interferir nas decisões do BC", declarou Palocci.
Nas duas vezes em que o mesmo Copom aumentou os juros no final do ano passado, a medida foi criticada pelas principais lideranças petistas, incluindo o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por seu impacto recessivo.
"Todo mundo sabe que o Brasil inteiro quer a redução das taxas de juros. Isso é um desejo do Brasil, não é do governo ou dos produtores. Mas é preciso que isso seja feito com sustentabilidade. Se não agirmos dessa maneira, desorganizamos as contas do Brasil", afirmou Palocci, em discurso semelhante ao de Pedro Malan, quando ocupava a Fazenda no governo de Fernando Henrique Cardoso.
O ministro petista procurou demonstrar tranquilidade com as críticas de sindicalistas, parlamentares e empresários que apoiaram a eleição de Lula à decisão do Banco Central.
"É natural. Ministros da Fazenda nem sempre podem carregar boas notícias. Temos de fazer o que deve ser feito. Vamos agir com responsabilidade. Jamais vou esperar que um sindicalista ou um empresário que está procurando produzir comemore um aumento da taxa de juros", disse.
"Queremos que seja feita a crítica até para que possamos construir o momento adequado para que o Brasil possa de modo sustentado reduzir juros. Esse debate é transparente", afirmou Palocci, na sua visita de cerca de quatro horas a Porto Alegre, momentos antes de embarcar para Davos (Suíça).
Na primeira reunião após a posse de Lula, o Copom elevou os juros sob a argumentação de que a última projeção oficial mostra que a inflação chegaria a 9,5% em 2003, acima da meta de 8,5% anunciada pelo BC.
A taxa de juros está no nível mais elevado desde os 27% fixados em maio de 1999, durante a recuperação da crise que levou à maxidesvalorização do real, em janeiro daquele ano.
Palocci não quis precisar por quanto tempo avalia que as taxas devem ser mantidas elevadas. "Espero que seja por um tempo curto. Agora, se tudo acontecesse do jeito que espero, o Brasil já estava bem melhor. É preciso reunir condições que assegurem que a inflação esteja num processo de queda sustentado."
O ministro procurou realçar diferenças no momento econômico que o país vive. Palocci reafirmou que o projeto do PT prevê redução das taxas de juros, para que a economia retome o crescimento e produza mais empregos.
Assim como seu antecessor Pedro Malan, ressaltou a necessidade de gradualismo nas decisões econômicas. "Reduzir a inflação de 12,5% para 6%, 5,5% não se faz num curto espaço de tempo."


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