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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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TELES

Consumidor está mais preocupado em falar bem do que com a tecnologia, e sucesso de serviços de última geração depende do preço

Custo alto ainda restringe "supercelulares"

LÁSZLÓ VARGA
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Canetas que gravam mensagens de áudio e as enviam por e-mail, celulares para médicos receberem diagnósticos de pacientes e computadores de bolso (PDAs) que permitem ligações sem fio e navegação pela internet.
Esses são alguns exemplos da parafernália de aparelhos apresentados pelos cerca de 500 expositores da 3GSM World Congress 2003, um dos principais eventos de telefonia móvel do mundo, encerrado na semana passada em Cannes, na França.
Mas a grande dúvida entre analistas do setor é a seguinte: de que vale haver tantos recursos se aparentemente a maioria dos usuários de celular só quer falar ao telefone com facilidade e qualidade?
A resposta para a questão é delicada e diz respeito a quanto um cliente está disposto a pagar pelos serviços das operadoras. A expectativa dos analistas é que as vendas de celulares cresçam de uma média de 390 milhões de terminais no ano passado para 770 milhões de terminais em 2005.
Trata-se de um mercado de mais de US$ 40 bilhões ao ano somente em aparelhos vendidos. A previsão é que a América Latina tenha uma expansão de 9% nas vendas neste ano, contra os 4% dos Estados Unidos.
A presidente da consultoria Shosteck, Jane Zweig, afirma que as estratégias que as operadoras precisam utilizar para crescer em países como o Brasil e na Europa são extremamente diferentes.
"Países da América do Sul querem terminais baratos. Não adianta vender aparelhos e serviços, como navegação pela internet, a preços muito altos, pois o poder aquisitivo é baixo."
Na Europa, por outro lado, são lançados modelos supersofisticados, que permitem acessar jogos pela internet, vídeos etc. Mas Zweig coloca em xeque até mesmo o sucesso de parte dessas "brincadeiras" para celulares sofisticados em países desenvolvidos. "As tecnologias que existem hoje não trabalham ainda muito bem com esses divertimentos. As pessoas querem mesmo é falar com facilidade."
Apenas clientes de operadoras de celulares de países do Oriente, como Coréia do Sul e Japão, têm utilizado as últimas novidades do mundo da telefonia sem fio com maior intensidade.
Segundo Zweig, o sucesso na oferta de serviços complexos e celulares de última geração depende da redução de preços. Ela lembra que o custo do envio de mensagens já baixou de US$ 0,37 para US$ 0,04 na japonesa J Phone.
Para a consultora, a chamada terceira geração de celulares -que permitiria receber vídeos em altíssima velocidade- só terá tecnologia para chegar com qualidade ao mercado em 2010.


O repórter László Varga viajou a Cannes a convite da Nokia

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