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OPINIÃO ECONÔMICA
O RS volta a crescer
CÉZAR BUSATTO
Com um crescimento de 5,7%
do PIB, quase o dobro do índice
nacional, o ano de 1997 representou para a economia gaúcha
uma espetacular inversão do
quadro de dificuldades enfrentado no período pós-Plano
Real, quando tivemos, por dois
anos consecutivos, taxas negativas de crescimento: -0,6% em
1995 e -0,1% em 1996.
Trata-se, além disso, de uma
mudança de trajetória (não circunstancial) no desempenho da
economia estadual, uma vez
que estão em implantação novos investimentos privados e
públicos da ordem de R$ 12 bilhões, que representam cerca de
25% do PIB do Rio Grande do
Sul.
Alguns gaúchos, entretanto,
têm revelado dificuldades em
compreender as profundas
transformações que ocorrem no
Estado e parece até que se incomodam com as boas notícias
delas decorrentes, como é o caso
do sr. Olívio Dutra, conforme
depreende-se do conceito de seu
artigo "A dança dos números"
(Dinheiro, 17/2).
A verdade, entretanto, é que
a atual administração pública
do Estado pôs em marcha um
consistente projeto de retomada do desenvolvimento, de modo a romper com a estagnação
e a falta de perspectivas que
ameaçavam o presente e o futuro de um dos mais importantes Estados brasileiros, que é o
Rio Grande do Sul.
O primeiro passo foi dado
com a contribuição da mais
ampla aliança política da história recente do Estado, formada por seis partidos, entre
os quais os tradicionais adversários PMDB e PPB, e liderada
pelo governador Antônio Britto.
O passo seguinte, que marcou os primeiros dois anos do
atual governo, foi a aprovação
pelo Poder Legislativo das reformas estruturais no setor público estadual. Enfrentaram-se
privilégios, romperam-se corporações, abriu-se a área de
serviços públicos e de infra-estrutura aos investimentos privados, desencadeou-se o saneamento do sistema financeiro e das finanças públicas; recuperaram-se, enfim, a credibilidade e a funcionalidade do
setor público como agente do
desenvolvimento do Estado.
Durante o ano de 1997 e agora, já começaram a aparecer
os primeiros resultados dessa
estratégia bem-sucedida.
A Companhia Riograndense
de Telecomunicações (CRT),
com sócio privado, aumentou
seus investimentos anuais de
R$ 200 milhões/ano para R$
900 milhões/ano, instalando
mais telefones do que em toda
a sua história.
O porto de Rio Grande, sob
gestão privada, transformou-se em um ano no mais
competitivo do país, segundo
avaliação feita pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI).
A manutenção e a construção de mais de 2.500 quilômetros de estradas já foram concedidas à iniciativa privada,
em dez pólos de pedágio espalhados por todo o Estado.
Somente com o valor de 20%
do ágio obtido na venda de
duas das seis empresas em que
se subdividiu a Companhia Estadual de Energia Elétrica
(CEEE), foi formado, por autorização legislativa, o Fundo de
Reaparelhamento de Estradas,
para construir ligação asfáltica de 186 pequenos municípios
gaúchos com as estradas estaduais ou federais.
Com melhoria generalizada
em sua infra-estrutura de estradas, portos, energia e telecomunicações, combinada
com uma política tributária
desenvolvimentista, o Rio
Grande do Sul conseguiu ver
revalorizados os seus melhores
atributos históricos, entre os
quais se destacam a qualificação de sua gente e a localização privilegiada no centro geográfico do Mercosul.
Grandes investimentos industriais começam a ser viabilizados no Estado, transformando sua matriz produtiva,
como é o caso da duplicação
do pólo petroquímico e da implantação do setor automotivo, com a General Motors, a
Ford e a Navistar.
Ao mesmo tempo, um esforço
concentrado do governo, em
parceria com a iniciativa privada e o governo federal, está
recuperando setores tradicionais da base produtiva local,
como é o caso da carne, da uva
e do vinho, das conservas, das
máquinas agrícolas e da pequena agricultura familiar.
Por outro lado, a renegociação global da dívida pública e
o saneamento do sistema financeiro público, em parceria
com o governo federal, recuperaram a credibilidade do Estado, que voltou a captar recursos de longo prazo do BID e do
Banco Mundial para investimentos nas áreas social e de
infra-estrutura. Foram mais
de R$ 700 milhões nos dois últimos anos, após uma década
em que esse fluxo foi zero.
Realmente, é preciso fazer
uma verdadeira "dança de números" para tentar mostrar
que o crescimento do PIB gaúcho em 1997 se deu "apesar do
governo, e não por causa dele".
De nossa parte, preferimos
comemorar a retomada do
crescimento do Estado por entendê-la como uma grande vitória do trabalho e da determinação de todos os gaúchos.
Cézar Busatto, é secretário estadual da Fazenda do Rio Grande do Sul.
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