São Paulo, terça, 24 de fevereiro de 1998

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BANCOS
Holding que controla o ex-Bamerindus obtém resultado recorde, mas alerta que o efeito Ásia não acabou
Grupo HSBC lucra US$ 5,5 bilhões em 97

das agências internacionais

O grupo financeiro HSBC Holdings, que controla o HSBC Bamerindus no Brasil, divulgou ontem um lucro global recorde de US$ 5,5 bilhões.
O resultado foi 8% superior ao de 96, apesar da crise financeira ocorrida na Ásia, região onde o grupo concentra suas operações.
Segundo os executivos do grupo, o lucro poderia ter sido maior. "Nós não escapamos dos efeitos da crise da região asiática nos últimos meses", disse o principal executivo do banco em Hong Kong, John Strickland.
A mensagem dos executivos do banco é de que a crise asiática ainda não acabou.
Em uma declaração divulgada à imprensa, o principal executivo do grupo HSBC, William Purves, afirmou que os efeitos da crise ainda estão começando a emergir.
"Nossa percepção é de que as turbulências e distúrbios não acabaram", afirmou Strickland durante uma teleconferência.
Apesar disso, o HSBC não pretende reduzir seus negócios na região. "A Ásia continua, provavelmente, a mais importante área de preocupação do banco e não pretendemos reduzir nossas operações", disse Purves.
Prova de que há expectativa de novos desdobramentos da crise é que o banco constituiu uma reserva especial para eventuais perdas na região.
Segundo Purves, foram reservados US$ 286 milhões para cobrir eventuais perdas com créditos nos três países que receberam ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional): Tailândia, Indonésia e Coréia do Sul.
No total, o grupo aumentou em 60% suas provisões para créditos ruins, que alcançaram pouco mais de US$ 1 bilhão.
Essas provisões foram, em grande parte, responsáveis pelo crescimento menor que o esperado no lucro do banco. Antes da constituição dessas provisões, o lucro operacional do grupo cresceu 16% em 97, atingindo US$ 8,5 bilhões.
Segundo os executivos, o maior crescimento do grupo aconteceu nos bancos localizados fora da Ásia, mais especificamente na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Oriente Médio.
Por conta da crise, o crescimento do resultado na Ásia foi limitado a 3% e ficou em US$ 2,55 bilhões.
Os ativos totais do grupo HSBC em dezembro de 97 eram de US$ 466 bilhões, com um crescimento de US$ 81,5 bilhões sobre dezembro de 96.
Segundo os executivos do banco, menos de 2% dos ativos totais do grupo estão nos três países que receberam ajuda do FMI.
Também em relação ao total de ativos do grupo, 13% estão aplicados em empréstimos a clientes nos países da Ásia, fora Hong Kong.
Para os executivos, esses números são "completamente gerenciáveis" para o HSBC.
Segundo William Purves, a crise na Ásia fez com que muitos clientes corressem para o HSBC, mas isso criou uma situação contraditória. "A instabilidade decorrente da forte desvalorização cambial (nos países asiáticos) atraiu um volume significativo de depósitos de clientes para nossas agências na região. Contudo, a combinação de desvalorização cambial, queda das Bolsas de Valores e taxas de juros levou a uma deterioração na qualidade dos créditos, cuja completa extensão está apenas começando a emergir", disse.
Brasil
Durante a teleconferência, William Purves afirmou que o ingresso do grupo no Brasil e na Argentina é parte dos planos de diversificação do grupo. "O Brasil é atrativo. Diferentemente de muitos países, o mercado bancário é pouco desenvolvido. Apenas 20% dos brasileiros têm conta bancária", disse ele.
Japão
O governo japonês decide esta semana quais bancos vão receber U$ 101 bilhões de um pacote de cerca de US$ 250 bilhões, aprovado na semana passada. Os recursos serão utilizados na recuperação do setor bancário do país.
Serão definidas também em que condições o governo entregará os recursos. O pacote foi elaborado após o colapso de dois bancos e de duas corretoras no final de 97.



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