São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2000


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Novas regras do BC encareceram crédito

da Sucursal de Brasília

As taxas de juros cobradas pelos bancos em suas operações de crédito tiveram uma alta generalizada em fevereiro, interrompendo a tendência de queda que vinha desde março de 1999.
Desta vez, a responsabilidade pela alta é do próprio governo, que editou uma nova regra destinada a ampliar a solidez do sistema bancário. Como a medida repercutiu mal nos juros, o BC a reviu e espera o recuo das taxas.
Os juros médios cobrados em operações de crédito a empresas e pessoas físicas subiram de 3,99% para 4,12% mensais entre janeiro e fevereiro passados.
Nenhuma das modalidades de crédito pesquisadas pelo BC escapou da alta no período. Entre elas estão o cheque especial (subiu de 7,75% para 8,03% mensais), o crédito pessoal (4,8% para 4,85%), os empréstimos para aquisição de bens (3,35% para 3,38%) e o crédito para capital de giro (3,26% para 3,35%).
Esse repique nos juros foi notado em meados de fevereiro pelo BC, que acompanha de perto o mercado para conferir os resultados do pacote editado pelo governo em outubro de 1999 para reduzir as taxas cobradas dos tomadores finais de crédito.
Como o problema havia sido criado pelo próprio governo, o BC decidiu rever a regra ainda em fevereiro. Isso permitiu que os juros começassem a recuar ainda na última semana daquele mês. "Foi um soluço", disse o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo.
A regra em questão é a que cria novo procedimento para a provisão (dinheiro que fica separado no balanço para cobrir uma possível perda) de operações de crédito.
Antes, os bancos só começavam a fazer essa provisão quando seus clientes atrasavam o pagamento de um empréstimo pelo prazo de 60 dias. A nova regra determina que o provisionamento seja imediato, de acordo com o grau de risco do cliente.
Na prática, a nova regra, que entraria em vigor em 1º de março, iria obrigar os bancos a destinar volume ainda maior de recursos para cobrir os riscos de operações de crédito. Para compensar esse maior uso de dinheiro, os bancos aumentaram os juros.
Para evitar esse problema, o BC decidiu fazer uma transição mais suave ao novo sistema. Em 31 de março próximo, a regra entra em vigor para empréstimos a partir de R$ 500 mil. Créditos entre R$ 50 mil e R$ 500 mil só se enquadram na nova regra em 31 de julho próximo. Valores inferiores a R$ 50 mil terão provisão de acordo com critérios definidos por cada banco.

Cheque especial
Um mês após afirmar que estava descontente com os altos juros cobrados pelos bancos no cheque especial, o BC reconheceu que suas estatísticas são deficientes e anunciou aperfeiçoamentos.
Segundo Figueiredo, o principal problema é que ficam de fora dos números do BC os créditos concedidos pelos bancos no cheque especial sem a cobrança de juros.
Entre os bancos que cobram maiores juros, estão quatro instituições que concedem dez ou mais dias de graça no cheque especial. "Vamos incorporar isso nos cálculos. Provavelmente a taxa cobrada no cheque especial é mais baixa do que pensamos", disse ele.



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