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Novas regras do BC encareceram crédito
da Sucursal de Brasília
As taxas de juros cobradas pelos
bancos em suas operações de crédito tiveram uma alta generalizada em fevereiro, interrompendo a
tendência de queda que vinha
desde março de 1999.
Desta vez, a responsabilidade
pela alta é do próprio governo,
que editou uma nova regra destinada a ampliar a solidez do sistema bancário. Como a medida repercutiu mal nos juros, o BC a reviu e espera o recuo das taxas.
Os juros médios cobrados em
operações de crédito a empresas e
pessoas físicas subiram de 3,99%
para 4,12% mensais entre janeiro
e fevereiro passados.
Nenhuma das modalidades de
crédito pesquisadas pelo BC escapou da alta no período. Entre elas
estão o cheque especial (subiu de
7,75% para 8,03% mensais), o crédito pessoal (4,8% para 4,85%), os
empréstimos para aquisição de
bens (3,35% para 3,38%) e o crédito para capital de giro (3,26%
para 3,35%).
Esse repique nos juros foi notado em meados de fevereiro pelo
BC, que acompanha de perto o
mercado para conferir os resultados do pacote editado pelo governo em outubro de 1999 para reduzir as taxas cobradas dos tomadores finais de crédito.
Como o problema havia sido
criado pelo próprio governo, o BC
decidiu rever a regra ainda em fevereiro. Isso permitiu que os juros
começassem a recuar ainda na última semana daquele mês. "Foi
um soluço", disse o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo.
A regra em questão é a que cria
novo procedimento para a provisão (dinheiro que fica separado
no balanço para cobrir uma possível perda) de operações de crédito.
Antes, os bancos só começavam
a fazer essa provisão quando seus
clientes atrasavam o pagamento
de um empréstimo pelo prazo de
60 dias. A nova regra determina
que o provisionamento seja imediato, de acordo com o grau de
risco do cliente.
Na prática, a nova regra, que entraria em vigor em 1º de março,
iria obrigar os bancos a destinar
volume ainda maior de recursos
para cobrir os riscos de operações
de crédito. Para compensar esse
maior uso de dinheiro, os bancos
aumentaram os juros.
Para evitar esse problema, o BC
decidiu fazer uma transição mais
suave ao novo sistema. Em 31 de
março próximo, a regra entra em
vigor para empréstimos a partir
de R$ 500 mil. Créditos entre R$
50 mil e R$ 500 mil só se enquadram na nova regra em 31 de julho próximo. Valores inferiores a
R$ 50 mil terão provisão de acordo com critérios definidos por cada banco.
Cheque especial
Um mês após afirmar que estava descontente com os altos juros
cobrados pelos bancos no cheque
especial, o BC reconheceu que
suas estatísticas são deficientes e
anunciou aperfeiçoamentos.
Segundo Figueiredo, o principal
problema é que ficam de fora dos
números do BC os créditos concedidos pelos bancos no cheque
especial sem a cobrança de juros.
Entre os bancos que cobram
maiores juros, estão quatro instituições que concedem dez ou
mais dias de graça no cheque especial. "Vamos incorporar isso
nos cálculos. Provavelmente a taxa cobrada no cheque especial é
mais baixa do que pensamos",
disse ele.
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