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MERCADO FINANCEIRO
Moeda norte-americana pode cair ainda mais, avalia mercado
Bancos vendem dólar, e real tem o maior valor em 9 meses
LEONARDO SOUZA
da Reportagem Local
O valor do dólar está sendo
derrubado devido à expectativa
dos bancos de que o real estará
ainda mais forte no próximo
mês. Ontem, a cotação da moeda norte-americana chegou a
R$ 1,72, mesmo patamar de
maio de 1999.
As instituições financeiras
avaliam que vai aumentar a entrada de capitais no país em
abril -maior a oferta de divisas
estrangeiras, menor o seu preço.
Os bancos preferem agora fazer menos compras antecipadas
de dólar -no mercado futuro.
Acham que o dólar tende a se
desvalorizar em relação ao real.
No jargão financeiro, isto significa que instituições financeiras estão se desfazendo de parte
de suas posições "compradas"
no mercado futuro de dólar.
Quando um banco confirma a
compra de dólar para daqui a
dois meses (no mercado futuro)
e, no final desse período, a cotação da moeda dos EUA fica
mais baixa do que o valor pago
por ela antecipadamente, o prejuízo é certo.
Prova da venda da moeda dos
EUA é a diminuição do número
de contratos futuros de compra
de dólar em poder das instituições financeiras.
De acordo com a BM&F (Bolsa Mercadorias & Futuros), no
dia 18 de janeiro as instituições
financeiras detinham 75,119 mil
contratos de compra, o que
equivalia a 63,83% desse tipo de
documento no mercado.
Na quarta-feira, bancos, corretoras e distribuidoras de valores reduziram suas posições para 60,056 mil contratos de compra, o equivalente a 51,96%.
As demais posições estão nas
mãos de investidores institucionais, como fundos de pensão, e
de residentes no exterior.
Apesar das expectativas positivas para março, o saldo cambial até o dia 16 ficou negativo
em US$ 419 milhões, de acordo
com dados da Tendências Consultoria levantados junto ao BC
(Banco Central).
Um dos fatores que explicam
o fluxo negativo é a redução do
custo do dinheiro no mercado
doméstico. Como o preço dos
empréstimos em reais caiu,
muitas empresas podem ter
preferido quitar suas dívidas em
dólar para obter crédito no país
e, assim, fugir do risco da oscilação cambial.
"O mercado espera que haja
mais captações externas de recursos a partir do próximo mês,
o que deve pressionar o dólar
ainda mais para baixo", disse
Ricardo Amorim, economista
do BankBoston.
Segundo ele, a pergunta que
os profissionais do mercado fazem agora é se o dólar cairá
abaixo de R$ 1,70, o que não seria bom para impulsionar as exportações. "Muitos acham que
o BC vai intervir no mercado e
que por isso dólar não ficará
abaixo desse nível", disse. "Mas
acho que a autoridade monetária (o BC) talvez deixe o real se
valorizar mais", diz Amorim.
Medida que contribuiu para
derrubar mais o dólar foi o aumento na margem de alavancagem dos bancos, anunciada ontem (leia texto abaixo).
"Haverá maior oferta de recursos atrelados ao dólar no
mercado, o que ajuda a tornar o
real mais forte", disse Erivelto
Rodrigues, sócio-diretor da
consultoria Austin Asis.
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