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REVERSO DA MOEDA
Empresa amplia vagas e provoca um tumulto no mercado
Embraer procura profissionais qualificados no Vale do Paraíba
LÁSZLÓ VARGA
enviado especial a
São José dos Campos
Uma disputa acirrada por trabalhadores qualificados tomou
conta das indústrias do Vale do
Paraíba. Enquanto o desemprego é elevado no Brasil, na região
de São José dos Campos (SP) há
uma guerra entre as empresas
por profissionais especializados
e a principal responsável é a
Embraer.
Comentários no mercado dão
conta de que a empresa decidiu
expandir seu quadro de empregados de 8.500 para 11 mil nos
próximos quatro anos, por conta de encomendas e a perspectiva de novos projetos. Seu departamento de recursos humanos
deflagrou, então, um processo
em busca de trabalhadores.
"A Embraer gerou um tumulto no mercado de trabalho",
afirma o diretor administrativo
e financeiro da Kone Elevadores, Luiz Zambrone.
A situação chegou a tal ponto,
com a valorização dos salários e
problemas de preenchimento
de vagas, que indústrias chegaram a reclamar, semanas atrás,
na regional do Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo).
Empresa decola
Sem dúvida, a Embraer vive
um bom momento depois de
patinar nos anos 80. Em janeiro,
suas exportações chegaram a
US$ 144,9 milhões, 50% mais
sobre o mesmo período do ano
passado.
Atualmente, a empresa tem se
dedicado a desenvolver os jatos
ERJ 170 e 190-100 e 190-200. Procurada pela Folha na quarta e
ontem, a empresa não quis comentar a situação.
Um dos profissionais que a
Embraer tentou contratar é o
projetista industrial Victor Hugo Azevedo. Especializado no
software Catia, usado para desenhar projetos, morava em São
Paulo até junho e estava desempregado.
Uma prestadora de serviços
da Embraer o chamou para trabalhar na empresa de aviação e
Azevedo aceitou o convite. "Logo depois, porém, tive uma proposta da multinacional francesa
Sermo", explica. A empresa, recém-instalada em Taubaté e que
fabrica moldes industriais, lhe
garantiu registro em carteira e
outros benefícios.
O salário de um desenhista especializado no programa Catia
chega a R$ 6.000,00. O corre-corre por trabalhadores não significa que no Vale do Paraíba
não há desemprego. A taxa gira
em torno de 7% da PEA (População Economicamente Ativa) e
gente com pouca especialização
acaba sofrendo com isso.
Os trabalhadores mais especializados, porém, têm chances
de achar vaga. A falta de pessoal
qualificado levou a Sermo a procurar o Senai para formar cerca
de 60 trabalhadores. Ainda neste ano, 15 novas indústrias de
Taubaté devem abrir mais mil
postos de trabalho.
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