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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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BARRIL DE PÓLVORA

Ameaça de explosão de poços obriga petroleiras a paralisar ou reduzir atividade; produção cai 16%

Conflito étnico ameaça petróleo da Nigéria

DA REDAÇÃO

Os conflitos étnicos na Nigéria são a mais nova ameaça à produção mundial de petróleo. Militantes de etnias do país se enfrentam há anos, mas no último sábado a multinacional francesa TotalFinaElf teve de paralisar as atividades no delta do rio Niger. A Shell (anglo-holandesa) e a ChevronTexaco (americana) já tinham reduzido a extração de petróleo por causa dos conflitos. A produção do país, que era de 1,95 milhão de barris por dia, já caiu 16%.
Ontem, líderes da etnia Ijaw ameaçaram explodir poços de petróleo de multinacionais, caso tropas do governo reprimam seus militantes. A Nigéria é o quinto maior exportador da matéria-prima para os Estados Unidos e o primeiro para o Brasil (leia texto abaixo).
Segundo analistas, o prolongamento da redução da extração de petróleo na Nigéria pode elevar os preços do produto, que estão atualmente em queda. Na sexta-feira, a cotação do barril na Bolsa Mercantil de Nova York fechou a US$ 26,91, com baixa de 4,3% em relação ao valor do dia anterior.

Perdas das multinacionais
A Shell afirma que teve de reduzir sua extração diária na Nigéria de 800 mil para 625 mil barris. A ChevronTexaco, por sua vez, baixou seu volume de extração de 470 mil para 340 mil barris.
O poço da TotalFinaElf em Opumami, na região do delta do Niger -uma das regiões da Nigéria mais ricas em petróleo-, fornecia 7.500 barris por dia antes do agravamento dos conflitos. Desde sábado o poço está inativo -a empresa retirou seus trabalhadores do local.
Os conflitos se acirraram no último dia 12, quando os grupos étnicos Ijaw e Urhobo se rebelaram contra o governo do presidente Olusegun Obasanjo.
Eles acusam Obasanjo de favorecer a minoria étnica Itsekiris na campanha para a próxima eleição presidencial, marcada para 19 de abril. Terminais de exportação de petróleo também estão inativos com os conflitos no país.
Segundo um especialista do setor, refinarias do leste dos Estados Unidos são grandes importadores do petróleo da Nigéria. Países da Europa importam também a matéria-prima para produzir diesel, e depois exportam para os Estados Unidos a gasolina que resta do refino.

Iraque
No Iraque, representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido afirmam que as perdas de petróleo do país com a guerra estão abaixo do previsto. Segundo eles, menos de 10 dos 500 poços de petróleo do sul do país estão queimando depois que soldados iraquianos os explodiram, como tática de guerra.
Cerca de 60% do 1,8 milhão de barris diários que o Iraque produzia antes da invasão americana e inglesa vinham do sul do país. Segundo os americanos, os poços danificados estarão funcionando novamente dentro de 45 dias.


Com agências internacionais


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