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Escolha do seguro será do mutuário
Governo editará MP que obrigará bancos a darem mais de uma opção ao comprador
Na avaliação do Ministério
da Fazenda, isso aumentará
a concorrência no setor e,
em consequência, reduzirá
o custo final das apólices
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos passarão a ser
obrigados a oferecer ao mutuário mais de uma opção de seguro na contratação de financiamento habitacional. A mudança constará de medida provisória que o governo deve editar
amanhã dentro do pacote de
habitação e tem como foco acabar com os "minimonopólios"
que hoje dominam o seguro habitacional.
Na avaliação do Ministério
da Fazenda, isso aumentará a
concorrência no setor e, por
consequência, reduzirá o custo
das apólices. Hoje, ao fechar
um financiamento habitacional, os mutuários contratam o
seguro habitacional oferecido
pela seguradora do próprio
grupo ao qual o banco faz parte.
Cerca de 70% dos financiamentos habitacionais estão nas
mãos da Caixa Econômica Federal, que trabalha apenas com
a Caixa Seguros -empresa
controlada pelo grupo francês
CNP Assurances.
O seguro habitacional cobre
o financiamento nos casos de
morte ou invalidez permanente do mutuário e de danos ao
imóvel. Pelas regras atuais, o
mutuário é livre para contratar
outro seguro, mas não há oferta
desse tipo de produto no mercado. A única alternativa para o
consumidor é contratar um seguro individual, que tem valor
muito elevado. Quando a apólice faz parte de um grupo, os riscos são diluídos e o valor do
produto fica mais barato.
Com a MP, o governo obrigará a instituição financeira a oferecer apólice de outros agentes
ao mutuário, originando um
novo mercado de seguros para
financiamentos habitacionais.
Para a Fazenda, além de os
bancos passarem a concorrer
mais nesse segmento, seguradoras que hoje ficam de fora
desse nicho de mercado por
não estarem ligadas a nenhuma
instituição financeira poderão
entrar na disputa.
O governo não fechou projeções para saber qual deverá ser
a redução nos preços por conta
da maior concorrência. Mas o
entendimento, segundo a Folha apurou, é que há "gordura
para queimar", pois os atuais
valores são altos. Hoje, em um
financiamento com prestação
de cerca de R$ 800, por exemplo, o valor do seguro pode representar até 38% do total.
Prazo
Depois de publicada a MP, a
nova regra deverá ser regulamentada pelo CMN. O governo
deverá fixar um prazo para os
bancos montarem as novas opções de apólices. Com esse prazo, a equipe econômica avalia
que não haverá risco de travar o
crédito imobiliário devido às
mudanças no seguro.
Com a MP, o governo também espera encerrar uma questão juridicamente polêmica. O
STJ (Superior Tribunal de Justiça) julgou, no ano passado,
ação em que considerou venda
casada uma operação de financiamento habitacional com seguro da próprio banco. A tendência é que outros casos similares tenham o mesmo desfecho nos tribunais.
Na elaboração das novas regras, a Fazenda detectou resistências dos grandes bancos que
operam o crédito habitacional.
A alegação do setor é que as seguradoras de um mesmo grupo
têm acesso ao cadastro dos
clientes e isso contribui para a
melhor avaliação de riscos.
Pela MP, os bancos terão de
oferecer ao mutuário a opção
da chamada "apólice de governo" (contrato padrão em que a
idade do mutuário não é levada
em conta, beneficiando os mais
velhos) e mais de uma opção de
"apólice de mercado" (contrato
arbitrado pelo banco).
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