São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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agrofolha

Exportação reduz queda no preço do arroz

Vendas externas manterão o mercado enxuto, inibindo recuos, mas produto não pesará tanto para consumidor como em 2008

Preços externos, hoje em US$ 550 por tonelada, e a desvalorização do real tornam competitivas as exportações do produto


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

As exportações de arroz dispararam no ano passado e as importações ficaram abaixo do volume previsto. Com isso, os estoques de passagem do ano estavam ajustados, e os produtores entraram nesta colheita com preços superiores aos do ano passado.
Mesmo assim, o arroz não vai ser um fator de peso no bolso dos consumidores, como ocorreu no ano passado, quando o cereal, acompanhando as demais commodities, provocou reação de consumidores em vários países.
Os preços mais elevados neste início de safra compensam, em parte, os elevados custos de produção, vindos principalmente dos fertilizantes.
Em março de 2008, os produtores gaúchos recebiam entre R$ 21 e R$ 23 por saca de arroz agulhinha. Neste ano, a comercialização está sendo feita entre R$ 27 e R$ 30.
Rubens Silveira, diretor comercial do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), diz que, neste ano, "as pontas vão estar mais ajustadas". Ou seja, enquanto o preço ficou entre R$ 21 e R$ 38 por saca em 2008, deve ficar entre R$ 27 e R$ 35 neste ano.
Além de demanda e produção ajustadas, os preços devem ser delineados pelas exportações. As vendas externas não devem atingir as 790 mil toneladas da safra passada, mas podem ficar entre 500 mil e 600 mil, segundo Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Já as importações, que tradicionalmente ficam próximas de 1 milhão de toneladas, devem somar apenas 500 mil toneladas, volume próximo ao comprado no exterior em 2008.

Valorização
Silveira diz que a manutenção das exportações é importante para o setor. Esses 10% da produção gaúcha que são vendidos ao mercado externo podem valorizar em 15% os 90% que ficam no mercado interno.
Pelo menos 85% do arroz comercializado no Brasil passa por poucas redes de supermercados, que "apertam" as margens de ganho de produtores e de indústrias.
Os preços externos, atualmente em US$ 550 por tonelada, e a desvalorização do real tornam competitivas as exportações do produto nacional.
No ano passado, devido a medidas de protecionismo adotadas por diversos países produtores e consumidores, a tonelada de arroz chegou a US$ 1.200 no mercado internacional.
Além das exportações, os preços devem se manter aquecidos devido ao consumo, que não deverá cair, tanto no mercado externo como no interno. É um produto de baixo custo, diz Brandalizze. Internamente, o arroz teve pouca valorização nos últimos anos em relação ao aumento do salário mínimo.
Externamente, os governos de países consumidores fazem compras para a formação de estoques e garantia de margem de segurança para evitar os problemas de 2008. Além disso, alguns países estão adotando programas sociais iguais aos do Brasil, o que eleva o consumo, afirma Brandalizze.
Outro fator de sustentação dos preços do arroz é a busca de novos mercados pelos vizinhos Uruguai e Argentina, tradicionais fornecedores do Brasil. Com a alta externa do produto, esses países do Mercosul buscaram novos mercados no Oriente Médio, na África e na América Latina.

Safra
A produção nacional deve ficar entre 12 milhões e 12,5 milhões de toneladas, para um consumo de 13 milhões. O Rio Grande do Sul, carro-chefe da produção nacional, teve pequena alta de área plantada na safra 2008/9, mas o volume a ser colhido terá bom crescimento.
Segundo Brandalizze, as estimativas mais pessimistas indicam a produção gaúcha em 7,3 milhões de toneladas. Já as mais otimistas apontam para uma safra de até 8 milhões de toneladas.
Para Silveira, esse avanço de produção ocorre exatamente em cima da melhor produtividade obtida pelos produtores gaúchos nos últimos anos.
A safra deste ano se inicia com uma diferença para o produtor, segundo Brandalizze. Os custos vão de R$ 25 a R$ 28 por saca e o produtor que necessitar vender arroz neste início de safra para cobrir despesas deve empatar ou até lucrar.
O avanço da colheita, no entanto, já provoca perdas nos preços e os produtores solicitam ao governo um programa de apoio à comercialização.
Os produtores querem recursos para EGF (Empréstimos do Governo Federal) para R$ 500 milhões e opções para setembro. Além disso, propõem quatro leilões de 100 mil toneladas e outros dois de 80 mil. As medidas permitiriam aos produtores "fazer caixa" sem ter de desovar produto.


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