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agrofolha
Exportação reduz queda no preço do arroz
Vendas externas manterão o mercado enxuto, inibindo recuos, mas produto não pesará tanto para consumidor como em 2008
Preços externos, hoje em US$ 550 por tonelada, e
a desvalorização do real tornam competitivas as exportações do produto
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
As exportações de arroz dispararam no ano passado e as
importações ficaram abaixo do
volume previsto. Com isso, os
estoques de passagem do ano
estavam ajustados, e os produtores entraram nesta colheita
com preços superiores aos do
ano passado.
Mesmo assim, o arroz não vai
ser um fator de peso no bolso
dos consumidores, como ocorreu no ano passado, quando o
cereal, acompanhando as demais commodities, provocou
reação de consumidores em vários países.
Os preços mais elevados neste início de safra compensam,
em parte, os elevados custos de
produção, vindos principalmente dos fertilizantes.
Em março de 2008, os produtores gaúchos recebiam entre R$ 21 e R$ 23 por saca de arroz agulhinha. Neste ano, a comercialização está sendo feita
entre R$ 27 e R$ 30.
Rubens Silveira, diretor comercial do Irga (Instituto Rio
Grandense do Arroz), diz que,
neste ano, "as pontas vão estar
mais ajustadas". Ou seja, enquanto o preço ficou entre R$
21 e R$ 38 por saca em 2008,
deve ficar entre R$ 27 e R$ 35
neste ano.
Além de demanda e produção ajustadas, os preços devem
ser delineados pelas exportações. As vendas externas não
devem atingir as 790 mil toneladas da safra passada, mas podem ficar entre 500 mil e 600
mil, segundo Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Já as importações, que tradicionalmente ficam próximas de
1 milhão de toneladas, devem
somar apenas 500 mil toneladas, volume próximo ao comprado no exterior em 2008.
Valorização
Silveira diz que a manutenção das exportações é importante para o setor. Esses 10% da
produção gaúcha que são vendidos ao mercado externo podem valorizar em 15% os 90%
que ficam no mercado interno.
Pelo menos 85% do arroz comercializado no Brasil passa
por poucas redes de supermercados, que "apertam" as margens de ganho de produtores e
de indústrias.
Os preços externos, atualmente em US$ 550 por tonelada, e a desvalorização do real
tornam competitivas as exportações do produto nacional.
No ano passado, devido a medidas de protecionismo adotadas por diversos países produtores e consumidores, a tonelada de arroz chegou a US$ 1.200
no mercado internacional.
Além das exportações, os
preços devem se manter aquecidos devido ao consumo, que
não deverá cair, tanto no mercado externo como no interno.
É um produto de baixo custo,
diz Brandalizze. Internamente,
o arroz teve pouca valorização
nos últimos anos em relação ao
aumento do salário mínimo.
Externamente, os governos
de países consumidores fazem
compras para a formação de estoques e garantia de margem de
segurança para evitar os problemas de 2008. Além disso, alguns países estão adotando
programas sociais iguais aos do
Brasil, o que eleva o consumo,
afirma Brandalizze.
Outro fator de sustentação
dos preços do arroz é a busca de
novos mercados pelos vizinhos
Uruguai e Argentina, tradicionais fornecedores do Brasil.
Com a alta externa do produto,
esses países do Mercosul buscaram novos mercados no
Oriente Médio, na África e na
América Latina.
Safra
A produção nacional deve ficar entre 12 milhões e 12,5 milhões de toneladas, para um
consumo de 13 milhões. O Rio
Grande do Sul, carro-chefe da
produção nacional, teve pequena alta de área plantada na safra 2008/9, mas o volume a ser
colhido terá bom crescimento.
Segundo Brandalizze, as estimativas mais pessimistas indicam a produção gaúcha em 7,3
milhões de toneladas. Já as
mais otimistas apontam para
uma safra de até 8 milhões de
toneladas.
Para Silveira, esse avanço de
produção ocorre exatamente
em cima da melhor produtividade obtida pelos produtores
gaúchos nos últimos anos.
A safra deste ano se inicia
com uma diferença para o produtor, segundo Brandalizze. Os
custos vão de R$ 25 a R$ 28 por
saca e o produtor que necessitar vender arroz neste início de
safra para cobrir despesas deve
empatar ou até lucrar.
O avanço da colheita, no entanto, já provoca perdas nos
preços e os produtores solicitam ao governo um programa
de apoio à comercialização.
Os produtores querem recursos para EGF (Empréstimos do Governo Federal) para
R$ 500 milhões e opções para
setembro. Além disso, propõem quatro leilões de 100 mil
toneladas e outros dois de 80
mil. As medidas permitiriam
aos produtores "fazer caixa"
sem ter de desovar produto.
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