São Paulo, terça, 24 de março de 1998

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COMÉRCIO EXTERIOR
Previsão foi feita ontem por John Mein, presidente da Câmara Americana de Comércio de São Paulo
Brasil pode ser quinto importador dos EUA

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

O Brasil está a caminho de ultrapassar a Alemanha como o quinto maior mercado para as exportações dos Estados Unidos, segundo John Mein, que tomou posse ontem como o primeiro presidente profissional da Amcham-SP (Câmara Americana de Comércio de São Paulo).
John Mein disse que isso pode ser fruto do acentuado crescimento das exportações norte-americanas para o Brasil, na média de 20% ao ano, desde a abertura comercial do país, que teve início no governo Fernando Collor.
O Brasil ocupa atualmente o sexto lugar na lista dos países que mais importam dos EUA. Os principais mercados dos EUA, pela ordem, são Canadá, México, Reino Unido, Japão e Alemanha.
No ano passado, o valor das exportações do Brasil para os EUA foi de US$ 9,276 bilhões (17,5% do total) e o das importações, de US$ 14,359 bilhões (23,4% do total). Isso significa que o Brasil teve déficit de US$ 5,083 bilhões no comércio bilateral com os Estados Unidos em 1997.
John Mein disse que as exportações norte-americanas para o Brasil devem crescer ainda mais neste ano, podendo chegar a US$ 20 bilhões, como resultado das privatizações no país, da maior integração comercial nas Américas, do aumento dos investimentos diretos de empresas norte-americanas no Brasil e da perspectiva de manutenção do Plano Real, que conta com maciça aprovação dos empresários norte-americanos, com a possível reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
John Mein afirmou que o investimento direto (dinheiro que segue para a produção e não para o mercado financeiro) dos Estados Unidos no Brasil deve ser recorde neste ano.
O governo calcula que o investimento direto estrangeiro vai atingir US$ 28 bilhões. Segundo Mein, as empresas norte-americanas responderão por cerca de US$ 9,5 bilhões do total.
John Mein disse que cresceu de 15 para 25 o número de consultas que a Câmara recebe, por mês, de empresas norte-americanas interessadas em fazer novos investimentos no Brasil.
O economista Odair Abate, do Lloyds Bank, disse que o fator responsável pelo crescimento das exportações dos Estados Unidos para o Brasil é a abertura comercial.
"A queda das tarifas aduaneiras, o aumento das importações de bens de capital, na esteira da modernização do parque industrial brasileiro, e de automóveis explica o grande crescimento das exportações norte-americanas para o Brasil", diz Abate.
Nova etapa
A Amcham-SP, a maior entidade empresarial binacional do país, anunciou ontem a modernização de sua estrutura administrativa. Depois de 79 anos, a Amcham, que tem 2.600 associados e faturamento de R$ 15 milhões, passa a ter um presidente profissional, em tempo integral, eleito pelo conselho diretor.
Até agora, o presidente era voluntário. Ocupava o cargo o presidente de uma grande empresa norte-americana no país, com mandato de um ano.
John Mein era, desde 1988, vice-presidente executivo da Amcham. Também tomou posse ontem o novo presidente do conselho diretor da Amcham, o empresário Zeke Wimert, presidente da Unitools do Brasil Sistemas e Consultoria.
John Mein disse que o novo conselho passa a se reunir a cada dois meses, em vez de todo mês, e vai se concentrar nos grandes rumos da organização, enquanto o presidente "arregaça as mangas" e cuida do dia-a-dia.



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