São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Empresário ganhou fama de ousado

da Reportagem Local

Filho de libaneses, Ricardo Mansur destacou-se como comprador de empresas endividadas, a preços baixos e prazos longos, vendendo-as mais adiante com lucro.
Seu estilo agressivo de fazer negócios lhe valeu a fama, entre o empresariado, de ousado.
Mansur ingressou no mundo dos negócios logo cedo, aos 19 anos. Com um dinheiro recebido de seu pai, Karam, que acabara de ver sua tecelagem falir, Mansur abriu uma papelaria no centro de São Paulo.
Um ano depois, em 67, comprou a fábrica de laticínios Vigor, que tinha alto endividamento, para pagá-la em sete anos.
No mesmo estilo de operação, fechou a compra da indústria de enlatados Peixe, em 75. No início da década de 80, foi a vez de comprar outra indústria de laticínios, a Leco, que vinha apresentando prejuízo.
Todas essas empresas foram compradas em sociedade com seu irmão, Carlos Alberto Mansur, que acabou ficando com sua parte quando Ricardo Mansur decidiu, alguns anos depois, que o varejo seria mais promissor.
O empresário teve também uma passagem curiosa pelo setor de franquias. Ele inaugurou a rede Pizza Hut no Brasil em 90 e vendeu seu negócio para a Pepsi, dona da marca Pizza Hut no mundo, três anos depois.
Segundo a versão mais difundida do episódio, a rede de pizzarias teria dado tanto resultado no Brasil que a Pepsi teria se interessado por comprar o negócio de volta e Mansur teria embolsado um lucro de US$ 14 milhões.
Há quem diga que, na realidade, Mansur pintou um quadro mais bonito do que a realidade sobre a franquia. Embolsou de fato o lucro, mas teria decepcionado profundamente a Pepsi pelo estado em que deixou o negócio.
Não só seu desempenho como empresário é motivo de controvérsia. Sua vida pessoal também está pontilhada de acontecimentos polêmicos.
Mansur é um aficionado pelo jogo de pólo. Tem dois campos em uma fazenda em Campinas (SP) e já jogou até com o príncipe Charles, da Inglaterra, país no qual tem uma casa que adora visitar.
Foi em uma partida de pólo que Mansur brigou com Alcides Diniz, um dos herdeiros do grupo Pão de Açúcar, e teria ameaçado matá-lo. Tempos depois, Mansur brigou com outro membro da família Diniz, Arnaldo, em um restaurante sofisticado de São Paulo.
Antes de ingressar no varejo, Mansur iniciou, em 94, sua curta carreira de banqueiro, encerrada ontem com a liquidação de suas instituições financeiras.
Naquele ano, inaugurou o banco United a partir de uma corretora de valores comprada do grupo Bunge y Born. Em 96, Mansur fundiu seu banco com o Antônio de Queiroz, originando o Crefisul.
A marca Crefisul foi comprada do empresário Olacyr de Moraes. Como símbolo do banco, foi mantida a coroa que representava o antigo banco Antônio de Queiroz.
Foi no mesmo ano de 96 que Ricardo Mansur iniciou seu ambicioso projeto de magnata do varejo, comprando a rede Mappin da empresária Cosette Alves.
Mansur tinha alguns simpatizantes, entre eles o banqueiro Lázaro Brandão, do Bradesco, que promoveu a primeira aproximação entre Mansur e Cosette Alves.
Em 97, Mansur ampliou seus domínios no varejo adquirindo a Mesbla, em uma complexa operação de reestruturação da dívida da rede da família de Botton.
Os credores tiveram suas dívidas convertidas em ações da Mesbla, e Mansur comprou a participação dos bancos Unibanco, BCN e Pontual, que representava 53% do total da Mesbla.
O outros mais de 1.500 credores permaneceram como acionistas da nova Mesbla.



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