GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um dia de poucos negócios e expectativa do resultado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), o fluxo positivo de dólares fez a cotação da moeda norte-americana cair 1,45% e fechar cotada a R$ 3,00, o menor valor desde 8 de agosto do ano passado.
A decisão do BC de manter a taxa de juros em 26,5% ao ano e retirar o viés de alta estava dentro do que o mercado esperava e não afetou a cotação.
Entretanto os analistas acreditam que a desvalorização acentuada do dólar observada nas últimas semanas pode ser passageira e, pelo menos por enquanto, não deve afetar as exportações.
Para eles, como o principal motivo para a queda é a entrada de recursos proveniente de captações externas de curto prazo, caso haja atraso no encaminhamento das reformas previdenciária e fiscal ou alguma mudança no cenário internacional, os dólares que entraram poderão sair rapidamente e fazer a cotação subir.
"Apesar dos altos e baixos, o dólar vem em trajetória de queda desde outubro. Mas é importante não esquecer que essa queda deve-se à entrada de recursos e que parte desse dinheiro é de curto prazo. Do mesmo modo que esse capital entrou, em caso de aumento da percepção de risco, ele pode sair", disse Eduardo Berger, economista do Lloyds TSB.
Para ele, a moeda deve continuar a oscilar e pode cair mais. Contudo a permanência da cotação abaixo de R$ 3,00 pode prejudicar as contas externas do país, ou seja, prejudicar as exportações e estimular as importações.
"Além de a cotação muito baixa prejudicar as exportações, a oscilação atual atrapalha os importadores e os exportadores, pois traz muitas incertezas ao mercado."
Segundo Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Unibanco, a cotação do dólar em R$ 3,20 deve fazer com que o superávit da balança comercial brasileira seja de US$ 19 bilhões neste ano.


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