UOL


São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo perde chance de fazer corte, afirma Fiesp

DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção da taxa de juros em 26,5%, anunciada pelo governo, cria uma "armadilha" para o consumidor. O alerta é de entidades e associações ouvidas pela Folha, que criticaram ontem a decisão de manter a taxa no atual patamar. Mais do que isso: diferentemente de outros momentos -em que o governo teve a chance de mexer nos juros, mas não o fez-, a fase atual é vista por alguns como um dos períodos ideais para reduzir as taxas.
O Banco Central "está perdendo boa oportunidade para reduzir os juros", afirma, em nota, Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, entidade industrial. Isso estaria acontecendo, na visão dos empresários, basicamente por uma razão: a valorização do real.
Isso porque o tropeço do dólar reduz a força das exportações brasileiras -pois o produto nacional fica mais caro lá fora. Com isso, uma redução nas taxas de juros favoreceria o consumo no mercado interno. E ajudaria a reativar o consumo e a produção.
No entender do governo, como o próprio já deixou claro, a preocupação é com o surto inflacionário. Juros elevados freiam a expansão no consumo e, logo, a inflação. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) considera a decisão negativa para o setor, mas diz que compreende a posição do governo, pois a inflação persiste.
O que economistas questionam é que a alta dos juros não pode reduzir mais o consumo, pois na prática ele já está em nível muito baixo. O soluço inflacionário seria reflexo de uma inflação de custos, devido à alta do dólar, e não de uma expansão na demanda.
Ontem, lojistas estavam preocupados com os reflexos da manutenção das taxas
Nos últimos meses, houve um aumento no uso do crédito rotativo dos cartões de crédito. Com isso, não se paga a dívida total, só o valor mínimo da fatura. Logo, os consumidores estão pagando uma taxa de juros, já elevada, em cima de um montante cada vez maior de dívidas, pois o débito total é sempre "rolado". "É uma situação delicada", diz Marco Rocha, diretor da rede Sendas. (ADRIANA MATTOS)


Texto Anterior: Taxa poderá cair no 2º semestre, diz indústria
Próximo Texto: Dívida do governo cai com o real valorizado
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.