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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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Taxa poderá cair no 2º semestre, diz indústria

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Banco Central de manter inalterada a taxa básica de juros da economia -em 26,5% ao ano- e de retirar o viés de alta deixou os representantes da indústria mais otimistas com o desempenho dos negócios no segundo semestre. Eles entenderam que o governo deu sinais de que os juros poderão cair não no mês que vem, mas a partir de julho.
José Augusto Marques, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), diz acreditar que o BC não mexe nas taxas neste semestre porque a inflação está resistindo a cair. Enquanto isso, diz, o setor de infra-estrutura sofre os efeitos do elevado custo do dinheiro no mercado brasileiro.
Em 2002, informa, os investimentos programados pela indústria de infra-estrutura foram de US$ 15 bilhões, mas os realizados somaram US$ 10,2 bilhões. Neste ano, a previsão era de investimentos da ordem de US$ 15,2 bilhões. "Esse número também será menor do que o previsto."
Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, associação que reúne a indústria de máquinas e equipamentos, diz que a decisão do BC de manter as taxas elevadas é um equívoco porque o país não vai enfrentar inflação de demanda. "Juros elevados podem reduzir a demanda quando ela está aquecida, mas o consumo está fraco. A inflação subiu por causa da alta do dólar e já recuou porque o dólar caiu", afirma.
Para ele, elevar a taxa de juros não é remédio para segurar a inflação. "Os juros deveriam cair para reduzir as pressões sobre o orçamento fiscal brasileiro."
Por causa dos juros elevados, diz, o volume de pedidos em carteira para a indústria de máquinas caiu de 27 semanas (segundo semestre do ano passado) para 17,2 semanas no primeiro trimestre deste ano. "Isso significa redução de investimentos no país."
Paulo Saab, presidente da Eletros (associação que reúne a indústria eletroeletrônica) diz que o setor está em crise especialmente por causa dos juros elevados. "Os juros precisariam cair muito para ter impacto positivo no setor."


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